Programa De Formação De Dirigentes Metalúrgicos Debate Desafios Do Desenvolvimento Do Brasil E Do Rs
Aconteceu nos dias 24 e 25 de junho, o debate sobre os desafios do desenvolvimento do Brasil e do RS, como atividade do Programa de Formação promovido pela Federação dos Metalúrgicos da CUT do RS. Cerca de 60 dirigentes sindicais participaram do evento, que contou com a presença de Tarso Genro e Beto Grill, respectivamente candidados a governador e vice do RS, Claudir Nespolo, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e Quintino Severo, secretário-geral da CUT.No painel sobre as propostas da CUT para o desenvolvimento, Claudir Nespolo enfatizou que precisamos entender com profundidade as mudanças que estão ocorrendo no Brasil. “Se os dirigentes sindicais não compreenderem a conjuntura atual e não tiverem a capacidade de se posicionar com uma visão clara de futuro corremos o risco de ficarmos olhando o Brasil pelo retrovisor, e isso significa que perderemos a oportunidade de sermos atores relevantes na mudança do país”, declarou.
Nespolo salientou que não podemos esquecer de que as políticas de recuperação do salário mínimo, a luta pela manutenção e ampliação dos empregos, a exigência de diminuição das taxas de juros, o combate às privatizações e defesa de um estado indutor do desenvolvimento econômico e social, a cobrança de políticas sociais para diminuir os índices de exclusão social, a ampliação e facilitação de crédito para aumentar o consumo popular e incentivar as pequenas e médias indústrias e a agricultura familiar, são políticas que defendemos nas ruas. "O que ocorre hoje no Brasil foi fruto da nossa luta", afirmou.
O atual presidente da CNM defende essa ótica para que seja avaliado o governo Lula. Segundo ele, temos também o desafio de pensar o futuro. As eleições de 2010 são decisivas para a continuidade destas políticas em âmbito nacional. É neste ambiente de crescimento econômico e de mudanças na estrutura econômica do país que se deve repensar o nosso sindicalismo.
Tarso Genro e seu vice Beto Grill
Ainda no primeiro dia do evento participaram dos debates o candidato ao governo do Estado Tarso Genro e o candidato a vice Beto Grill. Tarso Genro destacou os cinco eixos estratégicos do programa que está sendo discutido com vários segmentos da sociedade gaúcha.
O primeiro eixo é a revitalização das funções públicas do Estado. O segundo eixo é recuperação da matriz produtiva com uma perspectiva de diversificação econômica e combate dos desequilíbrios regionais. Neste ponto, Tarso Genro foi enfático "precisamos canalizar a capacidade de investimento do Estado em diversas ramos produtivos e regiões. O desafio é desconcentrar os investimentos e o crescimento econômico no RS. A nossa visão de desenvolvimento vai criar novos pólos produtivos. Devemos oxigenar a matriz produtiva, hoje concentrada em meia dúzia de grupos econômicos".
O terceiro eixo destacado é a refundação do sistema educacional do RS. Sem elevarmos os investimentos na educação em todos os seus níveis não será possível enfrentar os desafios do desenvolvimento. "Precisamos urgentemente recuperar a Universidade Estadual (UERGS), as universidades comunitárias e nos integrarmos com a rede federal de ensino superior. Sem uma nova camada social qualificada o nosso projeto de futuro ficará comprometido", ressaltou.
O quarto eixo é o rompimento do isolamento do Rio Grande do Sul. "Hoje o Estado está isolado do país e do mundo. Vejam que ridículo: a atual governadora não viaja porque teme que o vice governador ocupe seu lugar e lhe desagrade. Isso é muito mesquinho. Nós vamos inserir o RS na agenda do país. Por exemplo, achamos que devemos aproveitar os investimentos federais apontando as nossas prioridades estaduais. Vocês não podem imaginar como as oportunidades estão sendo desperdiçadas", afirmou Tarso.
O quinto eixo destacado foi a democratização do Estado. "Sem democracia efetiva não existe desenvolvimento. A desenvolvimento e a democracia são pares inseparáveis na nossa visão. Para concretizar vamos promover a constituição de um Conselho de Desenvolvimento Estadual composto por diferentes segmentos da sociedade gaúcha. Precisamos criar uma ampla esfera pública onde possamos obter os consensos majoritários capazes de conduzir o desenvolvimento", finalizou.
No final das intervenções de Tarso, Paulo Chitolina, dirigente da Federação dos Metalúrgicos do RS, observou que essas são propostas fundamentais e condizentes com as nossas demandas, no entanto, precisamos melhores posições sobre a recuperação do salário mínimo regional e a qualificação dos Centros de Referência de Saúde do Trabalhador.
Quintino Severo, secretário-geral da CUT
O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, participou no segundo dia do evento abordando o processo de construção da plataforma da CUT para o desenvolvimento do Brasil. "Quero que vocês entendam que esse debate não é restrito as eleições, são propostas que devemos lutar para que elas sejam implementadas, são propostas para o futuro do nosso país. Essas eleições são definidoras dos rumos, são tão importantes como quando elegemos o Lula. Não se iludam, a disputa será pesadíssima, a derrota das políticas neoliberais não está dada, as forças do atraso, da privatização, da diminuição do papel do estado estão ativas e irão fazer de tudo para barrar esse projeto em curso no país. Queremos que o Brasil cresça com valorização do trabalho, com inclusão social e democracia mas com sustentabilidade ambiental. Nós não podemos repetir os equívocos das experiências de desenvolvimento existentes no mundo que acabam prejudicando a natureza. O nosso modelo de desenvolvimento deve agregar a sustentabilidade", afirmou.
Por último, o sindicalista destacou a democratização dos meios de comunicação. Para ele é preciso termos propostas para aumentar o controle público, colocar os meios de comunicação sintonizados com a tarefa de investir na informação com profundidade, com o aperfeiçoamento cultural, com linguagens que incentivem uma cultura de paz e entretenimento sadio. "O conteúdo televisivo no Brasil é um mar de lixo, são canais que investem no rebaixamento, além de se transformar em porta voz de interesses dos setores dominantes", disse Quintino.
Para o coordenador do programa de formação, João Marcelo P. dos Santos, o objetivo desse módulo foi preparar os dirigentes metalúrgicos para participarem dos grandes debates que estão em curso no Brasil. Em que pese a força do corporativismo, o movimento sindical em diversos momentos da história brasileira se colocou na posição de propor projetos para o país. O sindicalismo sempre se rebelou contra a visão que lhe atribui uma tarefa menor no cenário da política brasileira. Ou seja, ao se posicionar sobre temas estratégicos a CUT se coloca no cerne do debate político nacional.
Através das Jornadas pelo Desenvolvimento, deflagradas em 2005 e a sua sistematização no documento Plataforma da CUT para as Eleições de 2010, a CUT acopla a sua agenda específica de defesa da valorização do trabalho com um projeto de desenvolvimento que busca sintonizar o país com os desafios do futuro.
Plataforma da CUT para as Eleições de 2010
A Plataforma da CUT para as eleições de 2010 é um documento publicado pela central em maio deste ano, com o objetivo de ser um instrumento para a consolidação das parcerias no movimento sindical e social, enraizamento das propostas e intervenção efetiva nas eleições de 2010. É uma ferramenta de mobilização.
Este material representa um manifesto de que não serão permitidos retrocessos aos avanços conquistados e que o foco da luta é pela construção de um novo modelo de desenvolvimento que possua como eixo o trabalho e a participação popular. A plataforma está focada em três diretrizes que dialogam entre si: Valorização do trabalho; igualdade, distribuição de renda e inclusão social; e estado democrático com caráter público e participação ativa da sociedade.
Fonte: João Marcelo P. dos Santos e Assessoria de comunicação FTMRS com informações da CUT
Fonte: João Marcelo Santos e Ass. Comunicaç