Obras em energia gerarão mais de 20 mil empregos

 

Os projetos em geração e transmissão de energia das empresas Tractebel, Bolognesi e Eletrosul, que somarão cerca de R$ 8 bilhões até 2019, implicarão milhares de postos de trabalho nesse período. Se somados os empregos diretos e indiretos durante os picos das obras, o número passará de 20 mil.

Dirigentes dessas companhias estiveram ontem no Palácio Piratini apresentando, ao governador Tarso Genro e membro do governo estadual, os complexos que recentemente saíram bem-sucedidos de leilões promovidos pela União, garantindo a remuneração da geração e da transmissão de energia. Um desses empreendimentos é o do Grupo Bolognesi, que implantará uma termelétrica e um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Rio Grande. A usina terá capacidade instalada de 1.238 MW e a outra estrutura potencial para fornecer até 14 milhões de metros cúbicos diários de gás natural.

O diretor-presidente do Grupo Bolognesi, Ronaldo Bolognesi, salienta que as tarifas propostas no leilão viabilizam o investimento na iniciativa. Além disso, o dirigente comenta que o empreendimento terá o apoio de um fundo do exterior, que no momento prefere não revelar qual. “O único aspecto que preocupa é a questão do licenciamento (de instalação)”, diz Bolognesi. O executivo espera que essa etapa seja superada rapidamente, mas admite que o processo levará alguns meses ainda. O presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Nilvo Luiz Alves da Silva, afirma que a entidade tentará acelerar, no que for possível, o processo do licenciamento do terminal de GNL, da termelétrica e da rede de distribuição do gás.

Outra ferramenta financeira que pode ser utilizada para concretizar os empreendimentos são financiamentos do Bndes. No momento, revela Bolognesi, a ideia do grupo é conduzir sozinho o projeto no Rio Grande do Sul e, em parceria, o complexo em Pernambuco (idêntico ao que desenvolverá no Estado e que também saiu vitorioso do leilão de energia). Futuramente, como o terminal de GNL terá capacidade excedente à demanda da térmica, a perspectiva é que seja licitado um gasoduto da Metade Sul até a Região Metropolitana de Porto Alegre para dar vazão a essa oferta. A ideia da Bolognesi é disputar essa concorrência.

O diretor-presidente da Sulgás, Roberto Tejadas, destaca que o empreendimento permitirá expandir o mercado reprimido da estatal. O dirigente adianta que é possível que o complexo entre em processo de licitação (por parte do governo federal) em 2015. “Indiferentemente do tempo em que isso acontecerá, é inevitável que aconteça”, ressalta Tejadas. O presidente da Sulgás acrescenta que outra possibilidade que pode ser avaliada é a construção de um gasoduto até Uruguaiana, onde está instalada a térmica AES Uruguaiana.

Anteriormente, essa unidade era alimentada por gás natural argentino. Porém, as interrupções constantes no fornecimento do combustível atrapalharam a produção. As últimas operações têm ocorrido somente no período de verão, com GNL que chega por navios no terminal de Bahía Blanca. Especificamente sobre a Sulgás, a empresa busca R$ 136 milhões em financiamento do Bndes para atender ao plano de obras dos próximos quatro anos.

Melhor transmissão servirá para escoar geração da Metade Sul

O leilão de transmissão realizado em novembro teve como protagonista a Eletrosul, que venceu o lote A do certame e com isso investirá R$ 3,27 bilhões em 2,1 mil quilômetros de linhas de transmissão, oito subestações e ampliação de 13 complexos já existentes. Todas essas ações serão desenvolvidas no Estado. O diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo Custódio, enfatiza que as obras darão capacidade ao sistema elétrico para escoar o enorme potencial de produção de energia da Metade Sul com as gerações eólica e térmica. O dirigente acrescenta que, na próxima semana, será inaugurado o parque eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar, com 258 MW de capacidade.

Outra novidade dentro da área da energia dos ventos para a semana que vem será a apresentação do novo mapa eólico do Rio Grande do Sul.

Tractebel fecha contrato com a Seival Sul Mineração

A Tractebel já decidiu quem será o seu fornecedor de carvão para a usina que construirá em Candiota. A companhia acertou o contrato com a Seival Sul Mineração, empresa controlada pela Copelmi e que conta com a participação da Eneva. O diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da Tractebel, José Luiz Laydner, detalha que a escolha deveu-se às melhores condições oferecidas pela Seival. A Tractebel instalará em Candiota o projeto, inicialmente, chamado de Pampa Sul, de 340 MW. O nome será alterado para Miroel Wolowski, em homenagem a um ex-diretor da companhia. Laydner adianta que a expectativa é de que a licença de instalação seja obtida até abril do próximo ano, o que possibilitará o começo das obras ainda no primeiro semestre.

O dirigente comenta que a região de Candiota é propícia para o desenvolvimento de projetos térmicos a carvão, devido à abundância do mineral. A dificuldade para futuros empreendimentos na região, aponta Laydner, é a limitação da disponibilidade de água (que também é utilizada na geração termelétrica). O diretor da Tractebel argumenta que o problema pode ser contornado com tecnologia, entretanto isso significa custos maiores. Antes da definição do fornecedor de carvão para a usina, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) disputava essa condição. O presidente da estatal, Elifas Simas, prevê que outros empreendimentos termelétricos a carvão concorrerão nos próximos anos nos leilões de energia. Uma das apostas de Simas é a Fase D de Candiota 3.

Rio Grande do Sul cadastra 2.271 MW em leilão de fontes alternativas

O leilão de fontes alternativas 2015, previsto para o dia 27 de abril, teve 570 projetos cadastrados na Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Dessa quantidade, 105 são gaúchos e somam uma capacidade instalada de 2.271 MW (aproximadamente metade da demanda de energia elétrica do Rio Grande do Sul). São 104 empreendimentos eólicos (2.263 MW) e uma térmica à biomassa (8MW).

No total do País, foram inscritos 530 projetos eólicos e 40 empreendimentos de termelétricas a biomassa, que têm capacidade instalada conjunta de 14.962 MW. Todos os complexos eólicos têm 12.895 MW de potência instalada. Já as usinas termelétricas somam 2.067 MW. Quanto ao potencial de geração, o Rio Grande do Sul foi superado apenas por Bahia (3.863 MW), Rio Grande do Norte (2.549 MW) e Ceará (2.364 MW). Participarão do leilão projetos espalhados por 15 estados. O fornecimento de energia terá que iniciar até duas datas, dependendo das usinas, a primeira etapa em 1 de janeiro de 2016 e a segunda em 1 de junho de 2017.

Fonte: Jornal do Comércio

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