Maxiforja: resistência contra a Reforma Trabalhista em dia nacional de mobilização

Convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) o Dia Nacional de Mobilizações ocorre nesta quinta-feira (14), com a realização de atos, assembleias e paralisações em várias localidades do país. Em Canoas, o Sindicato esteve em frente à metalúrgica Maxiforja para conversar com os trabalhadores sobre a conjuntura política e a necessidade de se criar unidade e resistência junto às entidades sindicais.

A assembleia, que contou com a participação do presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, teve início pouco depois das 7h. Além da Reforma Trabalhista, os dirigentes relataram problemas internos da fábrica, como a crescente em casos de doenças relacionadas ao trabalho, as promoções de cargos por influência e não competência, o plano de saúde e a falta de segurança no estacionamento da fábrica. “A empresa está crescendo graças ao trabalhado dos trabalhadores e trabalhadoras daqui. É justo que cobremos reconhecimento e assistência”, afirmou o dirigente Gilmar Kenne.

Na construção de resistência junto à categoria, o vice-presidente do Sindicato, Silvio Bica, alertou para o enfrentamento que dirigentes e trabalhadores terão que fazer dentro das fábricas assim que a Lei 13.467/17 entrar em vigor, no dia 11 de novembro. “Quando o patrão chamar na salinha para uma conversa de acordo direto, vocês dirão que não tem nada para ser negociado assim, porque o Sindicato é o único representante da classe trabalhadora”.

Flavio de Souza, tesoureiro do Sindicato e representante da Federação dos Metalúrgicos do RS (FTMRS), criticou a posição dos patrões da base de Canoas e Nova Santa Rita, que apostaram no discurso favorável à reforma e colaboraram com sua aprovação, distribuindo informativos pelos murais das empresas. “Nosso sindicato teve que fazer um jornal especial esclarecendo e desmentindo o informativo da patronal”, afirmou o dirigente. “Eles afirmaram que mentíamos quando falamos em fim das férias e do FGTS, por exemplo, mas a verdade é que agora as férias de vocês serão fracionadas em três vezes e, sem carteira de trabalho assinada, não tem FGTS pra ninguém”.

Outro ponto abordado, desta vez pelo presidente da CUT-RS, foi a constante manipulação dos meios de comunicação hegemônicos do país. “Todo dia a rede Globo chega no jantar de vocês, distorcendo os fatos e manipulando informações”, afirmou Nespolo. “Mas a realidade do Brasil é esta, que estamos falando e vivendo aqui hoje”.

Também em relação à Reforma Trabalhista, Claudir lembrou os trabalhadores que até o ano de 2014, a CLT não era um problema para os empresários. “Quando o país vivia o pleno emprego, as leis trabalhistas não eram um problema e os empresários até tinham dificuldades em encontrar mão de obra, colocavam até caminhões de som nos bairros anunciando vagas”, lembrou. “Agora, vamos deixar para a próxima geração um ambiente lixo de empregos”.

Dentre os retrocessos que atingem diretamente a classe trabalhadora e a vida das famílias em todo o país, Nespolo relembrou a Reforma do Ensino Médio, que mascara uma imensa precarização do ensino público para os jovens, e a atual luta contra a Reforma da Previdência, que segundo ele, deveria ser discutida sobre a ótica da alíquota e não de aumento de tempo de contribuição e idade.

No fechamento da assembleia, próximo às 9h, o presidente dos metalúrgicos da base, Paulo Chitolina, reforçou os pontos abordados pelos companheiros e destacou as manobras utilizadas pelo empresariado para assegurar o lucro, ainda que com um discurso de crise. “A Maxiforja, em 2016, demitiu mais de 100 trabalhadores e contratou em média o mesmo número. No entanto, o lucro da empresa estimado com esta rotatividade foi de 2 milhões de reais”, afirmou Chitolina baseando-se em um estudo apresentado pelo Dieese.

Reforçando a emergência de uma unidade sindical, o presidente alertou que a nova lei “tira a relação coletiva dos trabalhadores, representados pelo sindicato, e passa a ser individual e direta com a empresa”. “Por isso, nós estamos aqui, e estamos fazendo um amplo trabalho para fortalecer o coletivo, a união e, consequentemente, os direitos da classe trabalhadora”.

Fonte: FTMRS

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