Evento Em Memória Das Vítimas De Acidente E Doenças Do Trabalho Discute Saúde E Previdência

Para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, o Fórum Sindical da Saúde do Trabalhador (FSST), promoveu ontem (28) uma grande manifestação pública. Foram realizadas três rodadas de debates no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, sobre a saúde do trabalhador, as condições laborais, fator previdenciário e a polêmica questão das perícias do INSS.
Além disso, advogados e médicos do trabalho, prestaram orientações às pessoas que passavam pelo local.
O diretor de Saúde da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS, integrante do FSST e um dos organizadores do evento, Alfredo Gonçalves, ressaltou a importância do seminário no combate ao adoecimento em todas as categorias de trabalho e à forma com que os trabalhadores são tratados nas perícias médicas do INSS. O que os trabalhadores exigem é um tratamento mais ético e humano por parte destes profissionais.
"O FSST surgiu em meados de 2005 porque a gente viu a necessidade de unir essa luta, cada sindicato tinha a sua discussão sobre a saúde do trabalhador, aí começamos a reunir todo esse grupo, que dá em torno de 30 sindicatos e mais federações, para combatermos as questões das perícias médicas, discutirmos os adoecimentos nos ambientes de trabalho, lesões por esforços repetitivos. Então, percebemos que só estando unidos mesmo para combatermos estes problemas, pois cada um trabalhando no seu gueto não iria funcionar", completa.
Os números no Brasil
Em 2008 foram registrados 764.933 acidentes de trabalho, originando 2.757 mortes e 12.071 casos de trabalhadores ou trabalhadoras que sofreram incapacidade permanentemente, de acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, publicado pelo Ministério da Previdência Social. Estes dados se referem apenas aos trabalhadores do setor privado e CLTs. Estão fora das estatísticas da Previdência Social os servidores públicos estatutários e trabalhadores da economia informal.
Anualmente, no Brasil, são gastos bilhões em recursos públicos com os acidentes de trabalho. Em 2008 foram R$ 46 bilhões com assistência médica, benefícios por incapacidade temporária ou permanente e pensões por morte de trabalhadores vítimas das más condições de trabalho. Estes números alarmantes e crescentes a cada ano apontam a necessidade de permanente mobilização da sociedade. São as vidas de trabalhadores que estão em jogo.
O descaso das perícias médicas do INSS
Nos últimos meses, com a "briga" dos peritos do INSS com o governo federal, pela determinação do registro da jornada de trabalho por ponto eletrônico, a situação dos trabalhadores doentes se tornou insustentável.
Antes da obrigatoriedade do ponto eram realizadas mais de 20 perícias diárias, hoje a média é de apenas quatro segurados atendidos. Além disso, as perícias estão sendo agendadas para além de três meses após o início da incapacidade ou fim do benefício.
Além da demora pelo atendimento, o trato dos peritos médicos com os trabalhadores doentes foi um ponto-chave das discussões na mesa de debates composta por representantes do INSS, pelo médico do trabalho, Rogério Dornelles, e pelo advogado especialista em direito previdenciário, João Lucas Mattos.

Fonte: Assessoria de Comunicação FTMRS