O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a economia brasileira já apresenta sinais de recuperação nos meses de março e abril, o que mostra que o pior da crise já passou dentro do País. As afirmações foram feitas durante audiência pública na comissão mista da Câmara para acompanhamento da crise econômica. "Houve também aqui no Brasil uma desaceleração da economia no último trimestre de 2008. Porém, em março e abril, eu já vejo sinais de recuperação.

Aqui eu posso dizer com mais segurança que o fundo do poço já passou. A fase mais aguda já passou aqui no Brasil", afirmou o ministro.
Mantega acredita que a economia mundial também possa estar saindo do "fundo do poço", mas afirmou que, nesse caso, ainda pode haver algumas surpresas, principalmente nas economias desenvolvidas.

Para o ministro, ainda falta resolver o problema dos ativos tóxicos - papéis sem valor - nos quais os bancos dos EUA e Europa investiram. "Nas últimas semanas houve um abrandamento da crise internacional. O mercado está mais calmo. Talvez nós tenhamos chegado ao fundo do poço e o pior já passou. Mas não garanto, porque podemos ter algumas surpresas."

Mantega disse que o Ministério da Fazenda projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano seja positivo. Ele não apresentou, no entanto, números específicos. "A nossa queda foi concentrada no 4º trimestre, mas já devemos ver recuperação em 2009", disse. O ministro lembrou que quando registrou variação negativa no quarto trimestre do ano passado, o PIB brasileiro crescia a um ritmo de 6,5% ao ano.

Mantega afirmou que algumas economias já devem começar a apresentar índices de crescimento positivos no fim deste ano. Segundo ele, a economia dos Estados Unidos, por exemplo, já deve ter sinais de crescimento no último trimestre de 2009. "Mas a taxa de crescimento vai ficar negativa até lá", disse o ministro.

Ele afirmou que já foi possível sentir, nos últimos dias, um abrandamento da crise internacional. Ele, no entanto, destacou que a crise não acabou e é "muito forte, muito potente e continuará tendo reflexos na economia mundial e no Brasil".

O ministro da Fazenda acredita ainda que os investimentos já estão começando a retomar em todo o mundo e que o Brasil terá lugar de destaque como destino destes recursos. "Sinto que os investimentos já estão voltando e, quando voltarem, sinto um fluxo maior para o Brasil", afirmou ontem, durante audiência pública conjunta de comissões de acompanhamento da crise e desenvolvimento econômico da indústria e comércio na Câmara.

O ministro fez esta avaliação citando um estudo, o da Latin America, que avalia o Brasil como o país mais seguro na opinião dos investidores. De acordo com o levantamento apresentando pelo ministro, o Brasil recebeu 43% das intenções de investimento ante 18% da Índia, 13% da Rússia e 8% da China. "No grupo dos Brics, o Brasil passou a ser definitivamente a bola da vez", comemorou.

Fonte: JC