No dia 22 de dezembro de 1943, às 20h, no 4º andar do edifício Bier Ulmann, no Salão Nobre dos Sindicatos, na Rua Uruguai, em Porto Alegre, foi realizada a Assembléia Geral de fundação da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Rio Grande do Sul.
Presidiu a assembléia de fundação o então Delegado Regional do Ministério do Trabalho Indústria e Comércio Dr. NOVIRAL PARANAGUÁ DE ANDRADE.
Foram fundadores da Entidade os Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo, Ijuí, Pelotas, Rio Grande e Passo Fundo.
A primeira Diretoria da Federação, eleita e empossada nessa mesma data estava composta pelos Senhores JOSÉ BALDELINO DE LEMOS, Presidente — MENNO CARLOS ROBINSON, Secretário e NICANOR ÁLVARO SEFERIN.
Nesse período as Entidades Sindicais estavam sob a égide do Ministério do Trabalho Indústria e Comércio, que lhes conferia o reconhecimento com a expedição das chamadas “CARTAS SINDICAIS”. Era Presidente de República o gaúcho GETULIO DORNELES VARGAS e Ministro do Trabalho ALEXANDRE MARCONDES FILHO.
A categoria dos trabalhadores metalúrgicos é celeiro de lideranças sindicais e políticas de expressão municipal, estadual e nacional.
Passaram-se o Governo JK, com seus 50 anos em cinco — o Governo Jânio Quadros, seguido do Governo João Goulart.
Vieram os anos de chumbo com os Governos, Costa e Silva, Garrastazu Médice, Ernesto Geisel e João Figueiredo, seguindo-se o Governo Sarney.
Transcorrem os anos de 1978 e 1979. Nesse período de elevadas taxas de inflação, a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos RS, foi o primeiro segmento do movimento sindical a alçar reajustes salariais semestrais e posteriormente trimestrais, vantagens, que são mantidas até hoje em suas convenções coletivas de trabalho.
A partir daí a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos, empreende campanhas salariais unificadas em todo o Estado, visando sempre a melhoria das condições de trabalho e de salário dos trabalhadores Metalúrgicos. Na época, por evidente, as condições de trabalho eram precárias, tendo os metalúrgicos sido os primeiros a desfraldar a bandeira da jornada semanal de 40 horas.
Os metalúrgicos em nível nacional lideram a luta por liberdade e autonomia sindical e pelo direito de se organizarem livremente, sem a tutela do Estado.
Em meados dos anos 80, nos históricos Encontros Nacionais das Classes Trabalhadoras, os metalúrgicos estavam presentes, e a categoria dos Metalúrgicos do Estado, contribui com seu prestígio na fundação da CUT-Central Única dos Trabalhadores, ocorrida em 1983, entidade que como se sabe, teve grande influência nos destinos políticos e na redemocratização do País.
A Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos, teve intensa participação naquele momento de grande ebulição política, com o movimento pelas DIRETAS JÁ! e logo após no movimento nacional pela reforma Constitucional, vivenciando assim, o ano de 1984.
Os metalúrgicos seguiram em frente, e em 1986, elegem como Deputado Federal Constituinte o hoje Senador PAULO RENATO PAIM.
No início dos anos 90, veio o Governo Collor de Mello, e os trabalhadores metalúrgicos estavam lá, protestando e exigindo sua renúncia, com a chamada geral fazendo coro com os estudantes cara-pintadas: “FORA COLLOR”.
Prosseguindo com a onda neoliberal iniciada por Collor de Mello, foi eleito o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que sob pretexto de modernidade precarizou as condições de trabalho e de salário. Como não poderia deixar de ser, os trabalhadores metalúrgicos se insurgiram contra o chamado “BANCO DE HORAS”, “O TRABALHO TEMPORÁRIO” e a TERCEIRIZAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA. A Federação também se rebelou contra a reforma trabalhista, engendrada sob a ótica capitalista, visando unicamente beneficiar o capital internacional.
Também nesse período os metalúrgicos do Rio Grande do Sul, deflagram ferrenha luta contra as arbitrariedades praticadas pelo Tribunal Superior do Trabalho, sob a Presidência de ALMIR PAZZIANTO PINTO “persona non grata” no meio sindical, que editava súmulas e pressupostos jurisprudenciais em prejuízo dos trabalhadores e de suas reivindicações nos processos de dissídio coletivos de trabalho.
Essa luta culminou com a ocupação do Hotel De Ville, em 2001, onde PAZZIANTO faria palestra. O tempo revelou que os trabalhadores metalúrgicos tinham razão em sua luta, pois, o Ministro FRANCISCO FAUSTO, ao assumir a presidência daquela Casa, imediatamente revogou diversas súmulas e medidas contrárias aos interesses das classes trabalhadoras.
Em novembro de 2002, é eleito Presidente da República, o torneiro mecânico LUIS INÁCIO LULA DA SILVA, operário metalúrgico, forjado no meio sindical.
Como primeira medida no exercício do mais alto cargo da Nação, LULA lança o programa “FOME ZERO”, o qual é de imediato adotado pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado, e inserido na campanha salarial de 2003.
Além da arrecadação de 8 toneladas de alimentos não perecíveis, que foram distribuídos à comunidade, os trabalhadores metalúrgicos contribuíram com metade do aumento real alcançado na campanha salarial de 2003. Essa contribuição computou mais R$ 300.000,00, valores que estão sendo aplicados na geração de trabalho e renda. Dessa forma os trabalhadores metalúrgicos demonstram sua solidariedade aos desempregados e aos que vivem abaixo da linha de miséria, pois é contra essas injustiças que têm, historicamente combatido.
Constam como ex-presidentes da Entidade os Senhores JOSÉ BALDELINO DE LEMOS e GALDINO VARGAS CÂMARA, ambos de saudosa memória — SEBASTIÃO MARCONI ODY e ANTONIO OLIVO FRIGÉRI, este último também de saudosa memória — VALDOMIRO ORSO, JOÃO MACHADO MENDES, SÉRGIO RODRIGUES MATTE e MILTON LEORATO VIÁRIO, valorosos metalúrgicos, que a seu tempo e a seu modo, fizeram a história e contribuíram na incessante luta por justiça social.
Atualmente a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos da CUT, é presidida por JAIRO SANTOS SILVA CARNEIRO.
Esta breve retrospectiva, demonstra a capacidade e dinamismo das lideranças metalúrgicas que atuam na comunidade, em nível estadual e nacional, tornando verdadeiro o axioma, “O PODER EMANA DO POVO E PARA O POVO DEVE SER EXERCIDO”.