A maioria dos deputados federais do Rio Grande do Sul votou a favor da Medida Provisória (MP) nº 905/2019, que foi aprovada por 322 votos a 153 na calada da noite de terça-feira (14). Dos gaúchos, houve 18 votos favoráveis, 10 contrários e três ausentes. A votação foi pela internet. Veja abaixo como votou cada parlamentar gaúcho.
A matéria segue agora para análise do Senado. Caso não seja votada até a próxima segunda-feira (20), a MP 905 caduca e perde validade.
Vergonha
“Trata-se de uma vergonha. Em vez de aprovarem medidas para proteger os trabalhadores e salvar vidas diante da pandemia do coronavírus, a maioria dos deputados se curvou aos interesses dos empresários gananciosos e oportunistas para tirar ainda mais direitos trabalhistas, retirar dinheiro da Previdência, diminuir a renda da classe trabalhadora e aumentar a pobreza, a miséria e a exclusão social”, critica o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
“Vamos marcar na paleta esses deputados, que enganaram os trabalhadores e as trabalhadoras na hora de pedir o voto, e iremos denunciá-los nas suas bases eleitorais, para que não sejam reeleitos”, avisa o dirigente sindical.
Carteira verde e amarela
A MP 905 cria a carteira verde e amarela, flexibilizado direitos trabalhistas e contribuições sociais para baratear a contratação de jovens de 18 a 29 anos e trabalhadores com mais de 55 anos.
O salário será de até 1,5 salário mínimo. As empresas serão isentas da contribuição previdenciária (20%), reduzindo a arrecadação do INSS, e das alíquotas do Sistema S (de 0,2% a 2%). A multa de 40% do FGTS em caso de desligamento será diminuída para 20%.
Poderão ser contratados com a carteira verde e amarela até 25% dos trabalhadores da empresa.
Bancários
A MP 905 restringe a jornada de seis horas dos bancários aos que operam exclusivamente no caixa, podendo ser prorrogada até 8 horas diárias, não excedendo 40 horas semanais.
Estarão liberadas aos sábados, domingos e feriados as atividades de automação bancária, teleatendimento, telemarketing, serviço de atendimento ao consumidor, ouvidoria, áreas de tecnologia, segurança e administração patrimonial, atividades bancárias de caráter excepcional ou eventual e em feiras, exposições ou shopping centers e terminais de ônibus, trem e metrô.
Resistência
A oposição resistiu e tentou adiar a votação da MP 905, sendo que PSB, PT, PDT e Psol entraram em obstrução. Por conta disso, a sessão durou quase 10 horas.
O texto considera acidente de trabalho no percurso casa-emprego somente se ocorrer no transporte do empregador. Acordos e convenções de trabalho devem prevalecer sobre a legislação ordinária, súmulas e jurisprudências do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e de tribunais regionais do trabalho, exceto se contrariarem a Constituição Federal.
Foi retirado o dispositivo que estendia o trabalho aos domingos e feriados a todas as categorias e mantido o pagamento do abono do PIS/Pasep somente com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, desistindo de estender a todos os bancos privados.
Como votaram os deputados gaúchos
Sim à MP 905 que tira direitos dos trabalhadores
Afonso Hamm (PP-RS)
Alceu Moreira (MDB-RS)
Bibo Nunes (PSL-RS)
Carlos Gomes (Republicanos-RS)
Daniel Trzeciak (PSDB-RS)
Danrlei (PSD-RS)
Giovani Cherini (PL-RS)
Giovani Feltes (MDB-RS)
Lucas Redecker (PSDB-RS)
Marcelo Brum (PSL-RS)
Marcelo Moraes (PTB-RS)
Márcio Biolchi (MDB-RS)
Maurício Dziedrick (PTB-RS)
Nereu Crispim (PSL-RS)
Osmar Terra (MDB-RS)
Pedro Westphalen (PP-RS)
Sanderson (PSL-RS)
Santini (PTB-RS)
Não à MP 905 que tira direitos dos trabalhadores
Afonso Motta (PDT-RS)
Bohn Gass (PT-RS)
Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
Heitor Schuch (PSB-RS)
Henrique Fontana (PT-RS)
Liziane Bayer (PSB-RS)
Marcel van Hattem (NOVO-RS)
Maria do Rosário (PT-RS)
Paulo Pimenta (PT-RS)
Pompeo de Mattos (PDT-RS)
Não votaram
Jerônimo Goergen (PP-RS)
Marcon (PT-RS)
Marlon Santos (PDT-RS)
Fonte: CUT-RS com Agência Câmara e Congresso em Foco