Os preços dos carros usados e novos caíram em janeiro em São Paulo e lideraram entre os itens que mais contribuíram para a desaceleração do IPC (Índice de Preço ao Consumidor). O desempenho é reflexo da crise mundial de crédito, segundo o coordenador da pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Antonio Evaldo Comune.

Em janeiro deste ano, o preço do carro usado caiu 2,50% e o do novo, 4,06% --ante a já retração de 0,82% e de 1,30% em dezembro, respectivamente.

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"A crise de crédito se reflete no preço do carro usado e novo. Os bancos aumentaram a aversão ao risco, o crédito diminuiu, mas isso parece estar mudando", disse Comune.

Para Heron do Carmo, pesquisador da Fipe e professor da USP (Universidade de São Paulo), a redução do IPI (zerado para carros 1.0 e menor para outras motorizações), promovida pelo governo no final do ano passado, também ajudou na queda dos preços.

"Além da concorrência, a redução do IPI também contribuiu. Mas já houve ajuste de produção pelas montadores e redução de estoques e os preços deverão se equilibrar. O pior seria se as fábricas continuassem produzindo, sem vender", disse Carmo.

"A tendência é de queda, mas já menor", acrescentou Comune, que aposta em uma diferença maior de preço entre novos e usados, que não devem reagir. "O problema é financiamento."

Pressão de alta

No sentido oposto, os itens que mais contribuíram para a elevação do IPC de janeiro --que fechou com alta de 0,46% foram ensino superior (5,99%) e fundamental (8,17%). O grupo Educação teve a maior variação positiva em janeiro, de 5,95%, entre as categorias pesquisadas pela Fipe. O índice também foi o mais alto desde janeiro de 2004, quando ficou em 9,82%.

"A variação de 0,46% para o IPC é típica para janeiro, puxada por Educação, que respondeu quase pela metade [contribuição de 47,18%] da alta do índice geral. A outra parte foi por Alimentação [contribuição de 33,47%] e, especialmente, produtos 'in natura', que foram afetados por chuvas mais severas", explicou Comune.

Em janeiro, o grupo Alimentação subiu 0,68%, Habitação, 0,21%, Despesas Pessoais, 0,59%, e Saúde, 0,42%. Registraram queda de preços Transporte (0,30%) e Vestuário (0,56%).

Fonte: Folha on line