A inflação pesou mais no bolso do brasileiro de menor poder aquisitivo em 2008. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente ao consumo de famílias de renda mais baixa (até seis salários mínimos), teve alta de 6,84% no ano passado, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que abrange famílias com rendimento de até 40 mínimos, foi menor: 5,90%.

Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do IPCA confirmou que a inflação ficou dentro da meta, entre 2,50% e 6,50%. Mas é a maior em quatro anos.

O percentual mais elevado do INPC reflete a alta dos alimentos. O supervisor de informações do IBGE em Porto Alegre, Ademir Koucher, explica que o item alimentação tem peso maior no orçamento de lares mais pobres (confira quadro ao lado).

Com aposentadoria de R$ 1,3 mil, Enio Batu garante o sustento da casa, na qual também moram a mulher, Eva, e a filha Anália. A família calcula que gasta de R$ 300 a R$ 400 por mês em supermercado. Ou seja, de 23% a 31% do orçamento. Percentual bem maior do que o destinado pela família da empresária Silvia de Pauli, que consome de R$ 1,6 mil a R$ 1,8 mil – de 13% a 14% da renda mensal de R$ 12,5 mil, que inclui o marido, Valmor, e três filhos.

– Na metade de 2008, cheguei a gastar R$ 500 por semana no supermercado. Tudo aumentou. Aí, tive de começar a cortar os supérfluos, trocar marcas, para voltar a gastar os R$ 400 de antes – diz Silvia.

– A gente só compra em supermercado grande, que tem um monte de promoção, e compra só do mais barato – conta Anália.

A boa notícia é que, em dezembro, o preço dos alimentos e bebidas recuou. Na Capital, a queda foi de 0,03%.

– A inflação tende a ficar sob controle. De um lado, porque os preços internacionais seguem caindo. De outro, pode haver impacto da crise no Brasil em termos de emprego, e, se isso ocorrer, o consumo diminui – diz a economista Maryse Farhi, professora da Universidade Estadual de Campinas.

Fonte: Zero Hora