A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Encontro com os Movimentos Sociais, agendado pelo próprio governo, frustrou um pouco a expectativa dos trabalhadores de todo país, que estiveram quarta-feira, 26, em Brasília. A reunião, que contou com centenas de representantes de entidades e que foi conduzida pelos ministros Guido Mantega, da Fazenda; Dilma Houssef, da Casa Civil, e Luiz Dulci, secretário geral da República, durou quase cinco horas.

Ao final do Encontro, líderes de movimentos sociais entregaram um documento de quatro páginas contendo 20 propostas a serem adotadas em nível internacional e nacional, com o objetivo de atacar os efeitos da crise econômica desencadeada nos Estados Unidos.

Segundo o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Milton Viário, que esteve presente ao Encontro a convite do gabinete da Presidência, o documento assinado por 57 entidades apresenta sugestões em nível internacional, como a consolidação do Banco do Sul; a substituição do dólar nas transações comerciais por moedas locais e fortalecimento de instrumentos de integração, a exemplo do Mercosul e ALBA.

Em nível nacional, diz Viário, o documento aponta como imprescindível a adoção de propostas como abertura de novos postos de emprego; redução da jornada de trabalho; revisão da política de manutenção do superávit primário, canalizando seus recursos para a área social; auditoria integral da dívida pública; revogação da Lei Kandir e controle da taxa de juros.

O documento é um conjunto de medidas que, conforme Milton Viário, aponta um novo rumo para o País. “No nosso entendimento, devemos aproveitar a brecha da crise para mudar a política macroeconômica de natureza neoliberal e ir construindo um novo modelo de desenvolvimento nacional, baseado em outros parâmetros, sobretudo na distribuição de renda, na geração de emprego e no fortalecimento do mercado interno”, resume o dirigente sindical, que espera que a partir deste encontro seja constituído um fórum permanente de discussão que, ao mesmo tempo mantenha os trabalhadores informados sobre a crise e que passe a produzir novas alternativas à economia brasileira.
Leia documento na íntegra entregue pelos movimentos sociais ao Governo

Fonte: Dica Sitoni