Votação Surpreende E Piso Regional Sobe 6,9%

Depois de um mês de discussões, os deputados estaduais aprovaram ontem o aumento de 6,9% para o piso regional, valor proposto pelo governo. A sessão que definiu o novo índice foi marcada por mudanças de posições em poucos minutos, o que determinou a rejeição da emenda construída pela própria base aliada, que estipulava alta de 7,7%.

Os novos valores, que variam de R$ 546,57 a R$ 594,42, são retroativos a 1º de maio e atingem cerca de 1,2 milhão de trabalhadores gaúchos.

Mobilizadas nas galerias do plenário, as centrais sindicais reivindicavam reajuste de 9,68% – correspondente ao mínimo nacional. Durante a votação, a oposição apresentou emenda nesse valor. Mas o requerimento para o texto ir à votação foi rejeitado, o que causou vaias dos representantes dos trabalhadores.

Em seguida, a base aliada propôs 7,7% de aumento – o mesmo concedido aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo nacional. O requerimento foi aprovado por 27 votos a favor e 12 contra. Porém, no momento da votação, a emenda foi rejeitada por 21 votos contra e 19 a favor.

–Propomos uma melhoria e só ouvimos críticas. Diante disso, cada um adotou sua própria estratégia – disse a deputada Zilá Breitenbach (PSDB).

Centrais sindicais lamentam, e empresários comemoram

Após a rejeição da emenda, restou ao plenário votar o projeto original Foram 23 votos favoráveis e 17 contrários. A matéria segue agora para sanção da governadora Yeda Crusius, o que deve ocorrer na próxima semana.

– A Assembleia assinou o atestado de óbito do piso regional, que em janeiro de 2011 será inferior ao salário mínimo nacional – criticou o deputado Heitor Schuch (PSB).

Atualmente, o mínimo nacional é de R$ 510. Segundo cálculos preliminares de técnicos da Comissão Mista de Orçamento, o valor deverá ficar em torno de R$ 550 no próximo ano.

Apesar de defender os 6,9%, o chefe da Casa Civil, Bercílio Luiz da Silva, afirmou que o governo estadual não teve interferência na rejeição da emenda que aumentava o índice.

Revoltadas com o resultado, as centrais sindicais lamentaram falta de apoio para aprovar um valor superior.

– Essa política não dialoga em nada com os trabalhadores. Estávamos lutando apenas por um aumento equivalente ao salário mínimo e nem isso conseguimos – reclamou o presidente da Central Única de Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Celso Woyciechowski, acrescentando que o reajuste necessário para recuperar o piso gaúcho seria de no mínimo 14%.

Os empresários que acompanharam a sessão plenária comemoraram a tentativa fracassada de elevar o percentual original de aumento.

– Não estamos contra os trabalhadores, mas sim defendendo a manutenção de empregos – justificou o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Renato Faria.

Como fica:

FAIXA 1
- Passou de R$ 511,29 para R$ 546,57
Trabalhadores da agricultura e pecuária, indústrias extrativas, empresas de pesca, empregados domésticos, turismo e hospitalidade, indústria da construção civil, instrumentos musicais e brinquedos, estabelecimentos hípicos e motociclistas no transporte de documentos e pequenos volumes (motoboys).

FAIXA 2
- Passou de R$ 523,07 para R$ 559,16
Empregados das indústrias de vestuário e do calçado, fiação e tecelagem, artefatos de couro, papel, papelão e cortiça, empresas distribuidoras e vendedoras de jornais e revistas e empregados de bancas, vendedores ambulantes de jornais e revistas, empregados da administração das empresas proprietárias de jornais e revistas, empregados em estabelecimentos de serviço de saúde.

FAIXA 3
- Passou de R$ 534,85 para R$ 571,75
Empregados das indústrias do mobiliário, químicas, farmacêuticas e cinematográficas, alimentação, empregados do comércio em geral e empregados de agentes autônomos do comércio.

FAIXA 4
- Passou de R$ 556,06 para R$ 594,42
Trabalhadores das indústrias metalúrgicas, mecânicas e de material elétrico, gráficas, vidros, cristais, espelhos, cerâmica de louças e porcelanas, artefatos de borracha, empresas de seguros privados e capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de créditos, edifícios e condomínios residenciais, comerciais e similares, indústria de joalheria e lapidação de pedras preciosas e para auxiliares em administração escolar, empregados de entidades culturais, recreativas, de assistência social e de orientação e formação profissional, marinheiros, cozinheiros e taifeiros fluviais, empregados em escritórios de agências de navegação, em terminais de contêineres e mestres e encarregados em estaleiros.


Fonte: Joana Colussi/Jornal Zero Hora

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