Brasil de Lula mostra solidez. Transforma-se no emergente do momento
Com uma projeção de crescimento econômico de 7,5% para este ano, de 4,5% para 2011 e inúmeros recordes de criação de emprego, Luiz Inácio Lula da Silva encerra oito anos de governo com o Brasil fora da crise mundial e como o país emergente do momento.
Desde antes de sua chegada ao poder, no dia 1º de janeiro de 2003, Lula anunciou sua visão estratégica e quis eliminar qualquer suspeita no mundo empresarial.
O contexto internacional propício e o dinamismo da China, principal parceiro comercial do país, contribuíram para que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescesse 27,6% entre 2003 e 2009, segundo dados oficiais, e entrasse para o grupo das 10 grandes economias do mundo.
Um eufórico Lula previa desde 2009 que o Brasil seria em poucos anos uma das cinco maiores economias do mundo.
"O Brasil que entregaremos a Dilma tem a perspectiva de se transformar nos próximos seis anos na quinta maior economia mundial", afirmou em entrevista coletiva.
Durante o governo Lula, o Brasil viveu a bonança dos altos preços das matérias-primas, principalmente dos minerais, o que favoreceu as contas externas do país e ajudou na internacionalização de grandes companhias brasileiras.
A crescente presença internacional do Brasil, a solidez de sua economia que superou quase sem arranhões a crise mundial e o potencial de seu mercado consumidor de 190 milhões de habitantes transformaram o país em objeto de desejo de empresas de todo o mundo, que vêem no gigante sul-americano um mar de oportunidades.
No entanto, os críticos do governo destacam que nos oito anos de governo Lula o PIB subiu a um ritmo médio anual de 4%, muito abaixo do de potências emergentes como China e Índia.
De outro lado, a geração de emprego, destacada pelo próprio Lula como um dos fatores que justificam sua alta popularidade, alcançou níveis recorde.
Nos 11 primeiros meses do ano, mais de 2,5 milhões de empregos formais foram criados, número que supera em 7,71% o resultado de 2009, segundo o Ministério do Trabalho.
Além disso, o governo engordou as reservas internacionais até alcançar US$ 300 bilhões, e conseguiu saldar suas dívidas com organismos multilaterais.
Apesar dos avanços, o país tem na inflação uma pedra no sapato. Até novembro, o aumento de preços acumulado no ano foi de 5,25%, acima da meta oficial, de 4,5% anual.
Para conter a inflação e moderar os fluxos de crédito, o Banco Central mantém a taxa básica de interesse em 10,75% anuais, uma das mais altas do mundo, e elevou o depósito compulsório dos bancos comercial para frear o consumo.
Em paralelo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que continuará guiando o rumo da economia no Governo de Dilma, antecipou um corte no gasto público.
O setor externo é um bom reflexo da fortaleza da moeda brasileira, mas também o barômetro que faz saltar os alarmes sobre o risco de desindustrialização e perda de competitividade do Brasil nos mercados internacionais.
Segundo a consultoria Economática, nos oito anos dos dois mandatos de Lula o real acumulou uma valorização de 108% frente ao dólar, que passou de uma cotação de R$ 3,53 para venda em 31 de dezembro de 2002 aos R$ 1,70 na semana passada, um movimento que nem sempre é bom para as contas externas.
O Brasil registrou até novembro um superávit comercial de US$ 4,9 bilhões, cerca de 35% inferior ao do mesmo período do ano passado, e esse saldo tende a diminuir em 2011 e nos anos seguintes pelo aumento das importações e a diminuição das exportações, devido basicamente à revalorização do real.
Fonte: EFE