Trabalhadores Da Agco Reagem Contra A Crise

CLASSE TRABALHADORA REAGE CONTRA A CRISE
Trabalhadores da AGCO paralisam contra demissões
Uma audiência de conciliação está marcada para hoje, quarta, 22 de abril


Cerca de 1.800 trabalhadores e trabalhadoras da AGCO, de Canoas /RS, dona das marcas Massey Ferguson e Valtra, produtoras de tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras, paralisaram por tempo indeterminado a produção desde o início do expediente em protesto contra as 340 demissões supostamente previstas para a sexta, dia 17.

Por meio do sindicato, os trabalhadores tentaram buscar alternativas para evitar essas demissões em massa ou, na pior das hipóteses, buscar condições rescisórias mais favoráveis para quem fosse demitido. Paralelamente, como medida preventiva, em nome de seus associados, o sindicato entrou com uma ação liminar para suspender as possíveis demissões.

À tarde, a direção da empresa recebeu uma comissão formada por dirigentes sindicais para avaliar a situação e ouvir os argumentos dos trabalhadores. Na ocasião, o presidente do sindicato, Nelson Luiz da Silva, o Nelsinho, anunciou na mesa de negociação a liberação por parte do governo federal de novas linhas de crédito de mais de R$ 12 bilhões para socorrer a agroindústria, o que vai fazer com que o mercado reaja nos próximos meses. “Neste caso, as demissões são precipitadas. Além disso, a empresa é uma das grandes fornecedoras para o Programa Mais Alimentos e, portanto, deveria adotar contrapartidas sociais, pois o Governo Lula está colocando muito dinheiro na mão dessas empresas do setor e elas devem ser um pouco mais tolerantes", disse. "Se as demissões se concretizarem, acreditamos que os patrões do setor não vão recontratar os demitidos diante do reaquecimento do mercado. Em 2005 houve situação semelhante e, após a retomada das vendas, não tivemos revisão na demissão dos trabalhadores. Por isso, temos que lutar para que as demissões não aconteçam", explica Paulo Chitolina, tesoureiro do sindicato.

Mesmo após o anúncio dos recursos, a direção da AGCO mostrou-se irredutível na revisão dos cortes e jogou qualquer outra negociação e decisão para a audiência de conciliação marcada para a próxima quarta-feira, 22 de abril, às 14 horas, na Justiça do Trabalho.

“A mobilização deve continuar por tempo indeterminado. Não é justo que os trabalhadores continuem pagando por uma crise do capital. E os empresários têm que assumir e fazer a sua parte na solução dessa crise. O primeiro passo é entender a função social do emprego para manter o círculo virtuoso da economia”, disse Flávio de Souza, o Flavião, vice-presidente de nosso sindicato e da Federação dos Metalúrgicos.


Fonte: Geraldo Muzykant

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