No dia seguinte ao golpe, assembleia unificada do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo denuncia a agenda de retrocesso dos patrões

No dia seguinte ao golpe, assembleia unificada do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo denuncia a agenda de retrocesso dos patrões

Cerca de dois mil metalúrgicos paralisaram as atividades em quatro fábricas de São Leopoldo no começo da manhã desta quinta-feira (1º), durante a assembleia unificada do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e Região (STIMMMESL).

Os trabalhadores e as trabalhadoras da Taurus, Copé, Delga e da Aço Peças Oliveira cruzaram os braços pouco depois das 5h e acompanharam as manifestações dos dirigentes sindicais. Eles apresentaram as propostas descabidas da patronal e denunciaram o golpe, consumado ontem com a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff.

Mesmo com a presença da Brigada Militar, que tentou forçar a entrada dos trabalhadores nas empresas, a atividade encerrou por volta das 8h30, com a votação da proposta da patronal, que foi rejeitada por unanimidade pelos metalúrgicos presentes.

Campanha salarial
O presidente do STIMMMESL, Valmir Lodi, coordenou a assembleia e divulgou a proposta da patronal, que ainda não apresentou um reajuste digno e quer pagar menos que o percentual do Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) acumulado do período, de 9,49% e em forma de abono.

Lodi enfatizou que o Sindicato não aceitará nenhuma retirada de direitos. “Eles também querem implantar o banco de horas individual, acabar com o quinquênio e limitar o reajuste aos trabalhadores que tenham um salário de até R$ 2.500,00. Nós não vamos deixar.”

“É muito importante a nossa mobilização e a nossa união, não só para enfrentar os ataques dos patrões na nossa campanha, mas para barrar todo o retrocesso que ameaça o nosso país”, alertou o presidente.
O trabalhador da Delga e diretor do Sindicato, Adilson de Vasconcelos ressaltou que apenas a mobilização dos trabalhadores “vai impedir que tirem nossos direitos.”

Os diretores da entidade, Valdemir Pereira e Ailson do Nascimento integram a comissão de negociação relataram como foram as reuniões até aqui e a intransigência da patronal.

“Hoje é só uma assembleia, da próxima vez podemos nos estender mais e nem a grave está descartada. E a culpa é dos patrões”, declarou o diretor do STIMMMESL, Jorge Edemar Correa.

Golpe contra os trabalhadores
Os dirigentes lamentaram também o ataque à democracia com a consumação do golpe parlamentar, que cassou o mandato da presidente Dilma Rousseff. Além de enfatizarem o duro período de resistência que a classe trabalhadora terá que enfrentar.

“Ontem iniciamos um novo tempo no país, onde vamos ter que lutar por tudo. Pelo SUS, pelo Prouni, por condições de trabalho dignas. Um dia após o golpe, estamos aqui desde às 5h da manhã neste dia de luta memorável em São Leopoldo”, disse o presidente da Federação dos Metalúrgicos do RS (FTM/RS), Jairo Carneiro.

Ele também salientou que as mulheres trabalham mais, ganham menos e que serão as mais prejudicadas com a proposta de idade mínima para a aposentadoria, de 65 anos, como pretende estabelecer o governo de Temer. “Se as mulheres se aposentam antes é porque trabalham mais ao longo da vida.”

Secretário de Política Sindical da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira demonstrou preocupação com ataques aos direitos trabalhistas e sociais do novo governo. Além de ter relatado o andamento da campanha salarial em outros estados que também enfrentam a ofensiva do empresariado.

“Esse é um momento muito importante na história dos metalúrgicos de São Leopoldo e região, é a primeira vez que realizamos uma assembleia unificada com diferentes fábricas e é esse o nosso recado para todo o país. Se tirarem direitos vamos parar o Brasil, não entregaremos as nossas conquistas”, afirmou Loricardo.

Já o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, disse que os trabalhadores terão que escolher buscar informações na grande mídia ou no informativo do Sindicato. “Mudou a agenda e isso não vai sair na Globo, porque eles ajudaram a dar o golpe não querem que vocês conheçam a realidade.”

O dirigente destacou o desmonte da previdência social, a possibilidade da regulamentação da terceirização sem limites e a retirada de direitos. “É muito grave o que está acontecendo. Vamos ter que fazer uma greve geral para barrar o retrocesso e a classe metalúrgica está convocada para reestabelecer a democracia no nosso país”, finalizou Claudir.

Unidade da classe trabalhadora
Representantes de diversos sindicatos da região participaram da atividade e manifestaram sua solidariedade à campanha salarial da categoria e o seu repúdio ao golpe.

“Patrão é igual em todo o mundo, eles só sentem quando mexemos no bolso deles, por isso a importância das nossas paralisações”, salientou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Edgar Fernandes.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, Paulo Chitolina, informou como foi o fechamento da campanha deles. “Só conseguimos porque os trabalhadores estavam unidos, fizemos greve em nove empresas e eles sabiam que só assim teríamos uma proposta melhor.”

Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Novo Hamburgo, Lauro Amaral, afirmou que enquanto os patrões não cederem os trabalhadores não sairão das ruas.

A professora municipal e presidente do CEPROL, Andreia Nunes manifestou seu apoio aos metalúrgicos e lembrou a dura campanha salarial que os professores do município tiveram em 2015. “E vocês, metalúrgicos, estavam lá nos apoiando, ajudando a nossa luta”, declarou.

Os sapateiros fecharam recentemente sua campanha salarial, conforme contou o presidente da Federação Democrática dos Sapateiros do RS, João Batista Xavier da Silva. “Somente com a união de toda a classe trabalhadora vamos vencer os empresários e o retrocesso que querem impor”, acredita ele.

Por fim, o secretário da FTM/RS, Flávio José Fontana de Souza também destacou a importância do ato realizado nesta manhã para mostrar a força dos metalúrgicos da região.

O vice presidente da FTM/RS, Enio Santos também coordenou o ato e afirmou que o dia de hoje “é um marco na campanha salarial dos metalúrgicos de São Leopoldo e na resistência contra o golpe.”

Fonte: STIMMMESL

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