Movimentos Sociais Querem O Nome Do Assassino De Elton Da Silva E Fim Do Silêncio
“Temos um governo, onde a governante está sendo indiciada, mas continua governando e um trabalhador morto, assassinado pelas costas, cujo assassino está sendo protegido pelo Estado. Tal situação só pode levar à insegurança da população”, enfatizou a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST Nina Tonin. A declaração foi feita ao final da coletiva desta manhã, na sede da Federação dos Metalúrgicos RS, que contou com a participação das centrais sindicais CUT e CTB, da Pastoral da Igreja, da Via Campesina e do CPERS.A coletiva realizada com tamanha amplitude teve como foco falar sobre o assassinato a tiros pelas costas, do trabalhador sem terra em São Gabriel, no dia 21 de agosto, durante a desocupação da fazenda Southall. O nome do policial que cometeu o crime já é de conhecimento do governo Yeda, mas ainda não foi divulgado.
Por que ainda não foi divulgado o nome do assassino? Quem é e qual a patente a que pertence? A quem interessa acobertá-lo? A decisão de omitir o nome veio da governadora Yeda? Todos estes, são questionamentos que os movimentos estão se fazendo, observa a Nina Tonin. Para ela, “Elton pagou com a própria vida pelas decisões dos governos federal, estadual entre outros, que fizeram uma opção pelo agro-negócio”. Lembrou também, que nos últimos quatro anos, os movimentos viram crescer os conflitos e até já esperavam que algo deste nível pudesse acontecer. (Veja cronograma dos conflitos neste site).
Também estão sendo questionadas as promotoras públicas de São Gabriel que atuam neste processo, por terem envolvimento direto com os produtores da região. Inclusive com manifestações públicas do tipo “a ação da BM foi exemplar”, quando um trabalhador foi morto pelas costas e vários foram feridos e “senhor Southall, a justiça que o senhor esperava foi feita”. O que se pode esperar depois de declarações como estas, se perguntam os representantes dos movimentos sociais.
Infelizmente, comentou Tonin, no momento do crime, o tumulto era muito grande no local, porque os soldados corriam com seus cavalos por todo o acampamento, foram lançadas bombas de gás, alguns davam cacetadas para todos os lados e, as famílias tentavam proteger as crianças dos ataques de violência, o que acabou impedindo que o grupo pudesse reconhecer quem foi o autor do crime. “Quando percebemos a situação, o Elton estava sendo recolhido e nem mesmo sabemos se ainda estava vivo naquele momento”, disse a coordenadora do MST.
TENTATIVA
Os movimentos sociais segundo informou o presidente da Federação dos Metalúrgicos e Coordenador dos Movimentos Sociais, Milton Viário, tentaram realizar uma reunião com o Ministério Público, na sexta-feira, 28, para colocarem suas inquietações em relação às promotoras e a própria juíza da comarca, também vinculada aos grandes produtores da região.
No entanto, o Ministério Público desmarcou a reunião, SEM QUALQUER EXPLICAÇÃO SOBRE OS MOTIVOS.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Vivendo na pele a “política de segurança” do governo Yeda, a presidente do CPERS, Rejane Oliveira diz que "estamos vivendo um processo de criminalização dos movimentos sociais, onde não existe canal de diálogo e, ao contrário, só existem ferramentas de intimidação para calar a voz dos que protestam, seja na violência ou através de ações judiciais”. A política do governo Yeda fica evidente quando a gente faz um levantamento e percebe que em todas as manifestações ocorrem prisões, pessoas sendo algemadas, muitos feridos e nenhum diálogo.
Estamos falando de um desequilíbrio governamental e de uma estratégia de ações para tentar barrar a luta dos trabalhadores e, derrubar idéias, um direito das pessoas, algo muito próximo de levar os gaúchos a uma Terra sem Lei, enfatizou Rejane, também vice-presidente da CUT RS.
BANDIDOS
A Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB diz através do presidente, Guiomar Vidor, que “hoje os movimentos sociais estão sendo tratados como bandidos, com uma violência descabida”. A democracia está sendo ameaça, diz Guiomar, e este direito de participação em busca de uma sociedade mais justa está sendo cada vez mais reprimido.
A CTB alerta contra o risco de manutenção dos Tribunais Militares, responsáveis pelo julgamento de casos como este, onde o acusado fica confortável, diante da sua corporação, para ser julgado e considerado inocente. A entidade encaminhou ao Ministro da Justiça Tarso Genro o pedido de extinção destes tribunais.
SANGUE NAS MÃOS
Clarice Dal Medico coordena a Pastoral do Rio Grande do Sul e lamentou ter espaço somente agora para falar do movimento social a que pertence, apenas porque aconteceu mais uma morte. Para ela não são necessários mais mártires, estes a história já tem em grande número.
É preciso respeito pela vida, expressa Clarice, e neste caso, “quem tem sangue nas mãos é o governo”. O governo que é responsável pela orientação de ação, pela falta de políticas para o campo, pela proibição do ensino para as crianças assentadas, entre outros mandos contra os direitos sociais.
ASSASSINATO SOCIAL
Atacado judicialmente pelo governo Yeda, o presidente da CUT, Celso Woyciechowski diz que o “governo Yeda que está sempre envolvido em denúncias de escândalos, criminalização dos movimentos sociais, corrupção, entre outros, busca com as ações judiciais desviar o foco da imprensa e da sociedade”.
Nos últimos três anos, continua Celso, principalmente o MST, “vem sofrendo as penas da criminalização, seja com ações judiciais contra as lideranças, ou através da violência explicita”.
Estamos falando de um assassinato social, argumenta o presidente da CUT, e é dever da sociedade exigir que sejam elucidados todos os fatos. Inclusive, prossegue ele, lamentamos a frase da promotora, “porque até agora nos perguntamos onde ela viu ação exemplar e, se viu, em relação a quem, porque certamente que para os movimentos sociais não foi”, finalizou enfático Celso Woyciechowski.
Fonte: Assessoria FTMRS Inara Claro