Mercado interno é a porta de saída da crise

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Mercado interno é a porta de saída da crise

Investir no mercado interno e no desenvolvimento da produção é a aposta do presidente licenciado da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTMRS) e assessor do Governo do Rio Grande do Sul, Milton Viario, para o crescimento do Brasil. No Congresso Eleitoral da Federação realizado no dia 21 de maio, data das eleições da nova diretoria, o dirigente fez um balanço sobre a luta da categoria e a economia no País.

Diferente de 2010, quando o Brasil apresentava crescimento de 4%, 5% ao ano e “se preparava para ser um país rico, a sensação agora é que esse processo de desenvolvimento está sofrendo uma retração – no ano passado crescemos apenas 2,5%”, disse Viario. “O Brasil ainda se encaixa no desenvolvimento internacional na exportação de matérias primas e na importação de produtos industrializados e de alta tecnologia”, lamentou.

O sistema financeiro que, segundo o dirigente, é baseado fundamentalmente na taxa de juros, coloca o país numa posição de dependência. A crise que se aprofundou nos Estados Unidos em 2011 e a previsão de menor crescimento na China afetaram as exportações brasileiras. Além disso, o projeto da Eurozona está ruindo. “E a receita dos países mais ricos para a recuperação da economia afeta diretamente a classe trabalhadora, com não reajuste de salário e cortes dos direitos dos trabalhadores”, alega Viario, ao falar de outras medidas de “austeridade” que indiretamente sacrificam o emprego e a qualidade de vida da população.

Milton lembrou o processo de desindustrialização pelo qual o Brasil passou no período do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), quando a metalurgia perdeu 800 mil postos de trabalho em dez anos (de 2,4 milhões de trabalhadores para 1,6 milhão). “No governo Lula, o Brasil experimentou outro processo, lento, mas com quatro anos ininterruptos de crescimento. O governo criou bolsas, disponibilizou crédito fácil e barato. Esse processo fez com que a categoria voltasse a ter 2,6 milhões de trabalhadores”, afirmou.  Ao citar esse exemplo, o dirigente acredita que a saída para o Brasil e, consequentemente, para a classe trabalhadora, é “investir no seu mercado interno e num projeto que dê ao País a possibilidade de ser um país rico, com industrialização e alta tecnologia”. A contradição das taxas de juros, de acordo com o dirigente, precisa ser resolvida. “Cinco mil famílias recebem R$ 200 milhões em juros de títulos do governo. Temos de baixar os juros para não ver nossos recursos irem para as mãos de poucos.”

Para Milton Viario, o Brasil já está saindo da “encruzilhada”. “O governo já conseguiu diminuir os juros bancários, mudou a lei da poupança e está se preparando para uma taxa de juros que até 2014 deve estar entre 3% e 4%.” O próximo passo, já em andamento no Brasil, é a mobilização das entidades contra a desindustrialização. “Estamos dispostos a lutar pela industrialização no Brasil, mas para isso é preciso mexer em toda a estrutura macroeconômica. Muitos empresários não participam dessa luta, porque mais do que industriários são comerciantes, que importam produtos baratos e não apostam no crescimento.” O dirigente diz que para esses empresários o “modelo de crise” é a manutenção da taxa de juros e do câmbio, com medidas de retirada do Estado da economia e redução do custo do trabalho na produção (com redução de impostos, de salários e dos direitos dos trabalhadores e com a precarização do trabalho).

“Nossa luta aposta em projetos. A perspectiva que tínhamos no Brasil no final de 2010 não é a mesma de agora. O cenário que temos agora é de indefinição do crescimento. Mas nos apoiamos num modelo de país rico, com acesso à educação e emprego.”


Fonte: FTMRS

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