Auditoria Cidadã Da Dívida: Brasil Cresce, Mas Sem Distribuir O 'bolo', A Renda

Segundo o economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, "quanto mais o PIB cresce, mais os rentistas são beneficiados". Isso porque, segundo ele, se o PIB cresceu 9%, no primeiro trimestre, a renda média do trabalho subiu apenas 2,3%:

"A diferença foi apropriada por outras classes sociais", disse, acrescentando que, em comparação a março de 2002 (primeiro ano da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE), a renda média do trabalho está praticamente estagnada, subindo só 5,7% estes oito anos.

"Nunca é demais lembrar que aumentos nos juros contribuem para transferir mais dinheiro dos trabalhadores para os rentistas. O crescimento do PIB e da arrecadação tributária também tem sido utilizado pela equipe econômica para justificar um aumento do superávit primário e o estabelecimento de um limite para as despesas correntes primárias. Ou seja, gastos sociais", disse.

Segundo Ávila, os cortes de R$ 7,5 bilhões previstos para o Orçamento federal retiraram R$ 1,28 bilhão da Educação (que já acumula perdas de R$ 2,34 bilhões no ano), R$ 1,24 bilhão no Ministério do Planejamento, R$ 906 milhões nos Transportes, e R$ 757 milhões na Fazenda.

"Tais cortes são justificados pelo governo sob o argumento de que é necessário conter o consumo para combater a inflação, o que poderia permitir ao BC reduzir o ritmo de alta nos juros. Porém, a última alta da Selic provocou aumento de R$ 15 bilhões nos gastos anuais com juros da dívida ao elevar em 0,75 ponto a Selic".

E segue: "E tudo indica que ela subirá mais nas próximas reuniões. Ou seja, as áreas sociais fundamentais têm de perder R$ 7,5 bilhões para impedir a inflação, mas os rentistas podem receber R$ 380 bilhões de juros e amortizações da dívida (como em 2009) para gastarem à vontade, sem problema algum".



Fonte: Diap / Monitor Mercantil

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