2ª Conferência Nacional Das Trabalhadoras Metalúrgicas Da Cut Tem Participação De Matilde Ribeiro

Yuri Kiddo
2ª Conferência Nacional Das Trabalhadoras Metalúrgicas Da Cut Tem Participação De Matilde Ribeiro
Na manhã desta terça-feira (22), a 2ª Conferência Nacional das Trabalhadoras Metalúrgicas da CUT teve a presença da ex-Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e hoje assessora do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Matilde Ribeiro, que falou com as companheiras metalúrgicas sobre a atuação das mulheres nos espaços de decisão política, racismo e violência contra a mulher.

Ela lembrou que na agenda feminina e feminista uma das grandes conquistas das mulheres no Brasil foi a aprovação e implementação da Lei Maria da Penha, que leva à cadeia os homens que praticam violência contra as mulheres. "Pode ser considerada como a principal conquista do movimento feminista no Brasil nos últimos anos. Mas precisamos ficar atentas, pois é uma lei que ainda corre riscos de ser derrubada. Ou seja, quando falamos sobre conquista, não quer dizer que se trata de um assunto encerrado".

A ex-Ministra citou a licença maternidade de 180 dias como outro avanço importante para as trabalhadoras, mas que por ser optativo por parte das empresas, não está massificado. "Apesar de existir, é algo que ainda não pegou e precisamos nos mobilizar a favor".

Segundo Matilde, a sociedade ainda não está convencida que a mulher deve ter os mesmos direitos dos homens, ao falar sobre as políticas públicas para as mulheres. "Falamos muito nas nossas pautas sobre cidadania, democratização e direitos sociais, mas nem sempre a ação se concretiza na prática".

"A representação das mulheres nos espaços de poder está muito aquém daquilo que podemos fazer na prática", ao lembrar que elas representam hoje 52% do eleitorado. "No Brasil, por exemplo, são 513 postos na Câmara Federal. Destes apenas 43 são ocupados por mulheres, o que representa 9% do total. No Senado, são apenas 12%", afirmou.

Matilde lembrou que a CUT aprovou as cotas para mulheres em 93. Uma conquista que precisa ser real e não se resumir a documentos. "Não basta ter deliberações. O processo de negociação faz parte da vida política. Mas a pergunta que fica é: será que as mulheres ganham os espaços nas negociações feitas dentro dos locais onde atuam?"

Ao falar dos desafios das mulheres no movimento sindical, Matilde trouxe à tona situações que ainda atrapalham a atuação feminina nas entidades. "Parece natural quando a mulher diz que não pode participar da reunião porque precisa cuidar do filho. E assim deixa que os homens tomem as decisões", ao criticar a naturalização do fenômeno da não participação das mulheres nos espaços de decisão.

Para a assessora do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a não divisão do trabalho entre homens e mulheres no cotidiano é uma trava em relação a participação das mulheres. E que a concretização das políticas públicas para as mulheres só acontecerá quando houver uma fiscalização e participação constante nestes espaços.

Ela fechou a participação na Conferência lembrando a história de uma militante histórica dos movimentos sociais no ABC, que após participar ativamente da luta pela redemocratização do país, recebeu uma homenagem, mas afirmou que não entendia o reconhecimento, já que "não havia feito nada". Matilde lembrou a todas que muitas vezes as próprias mulheres não reconhecem as conquistas obtidas por elas e completou: "O nosso nada é muito", antes de receber uma calorosa salva de palmas das metalúrgicas.

Na período da tarde, as delegadas e delegados da 2ª Conferência participam de oficinas temáticas que tratarão sobre negociação coletiva, o enfrentamento à violência contra as mulheres e a saúde da mulher trabalhadora. A noite elas assistirão o filme "Lula, o filho do Brasil".


Fonte: Valter Bittencourt - Imprensa CNM/CUT

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