O parque eólico Geribatu, pertencente às empresas FIP Rio Bravo Energia e Eletrosul, foi inaugurado oficialmente na última sexta-feira, em Santa Vitória do Palmar. O evento contará com a presença da presidente Dilma Rousseff. A usina eólica tem capacidade instalada de 258 MW (cerca de 6,5% da demanda média de energia elétrica do Rio Grande do Sul), sendo a maior do Estado. Os empreendimentos entregues - parque eólico e sistemas de transmissão associados - estão previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) e somam R$ 2,1 bilhões em investimentos.
Além de Geribatu, outros dois parques - Chuí e Hermenegildo - estão em implantação em Santa Vitória do Palmar e Chuí. Juntos, formarão o Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina, com 583 MW de capacidade instalada, gerando, ao todo, aproximadamente 4,8 mil empregos diretos e indiretos, o que tem refletido não só na contratação de mão de obra local, como no aquecimento do comércio e do setor imobiliário das cidades.
Os governos municipais veem com otimismo a expansão da geração eólica na região. Em Santa Vitória do Palmar, por exemplo, a estimativa é de um aumento de aproximadamente 30% na arrecadação com o ICMS, com o início da operação do Parque Geribatu.
De acordo com o secretário municipal da Fazenda, Kleberson Maximila Silva, serão aproximadamente R$ 5 milhões a mais por ano no orçamento da prefeitura, que é de cerca de R$ 75 milhões.
"Isso, sem contar os reflexos na arrecadação com o ISS (Imposto Sobre Serviços) das novas empresas que estão se instalando aqui, por conta do crescimento do município", destaca.
Os proprietários das áreas onde estão os parques eólicos, a maioria pequenos produtores rurais, também terão um reforço no orçamento com a remuneração pelo uso da terra por parte do empreendedor, proporcional à receita líquida resultante da geração. Além disso, toda a região é beneficiada com melhoria de estradas e outras compensações previstas nos programas socioambientais dos empreendimentos.
Um dos segmentos que já têm observado mudanças no cenário econômico da região é o do turismo. As imensas turbinas eólicas - são quase 170 já instaladas (129 em Geribatu e 39 em Chuí) - têm atraído turistas de várias partes do País e, também, dos vizinhos Argentina e Uruguai. O Centro de Visitantes do Complexo Eólico Campos Neutrais registrou a passagem de mais de 8,3 mil pessoas nos últimos 12 meses.
Alguns empresários estão atentos a essa movimentação, assegurou o coordenador de Tributação e Cadastro da Prefeitura de Chuí, Mário Augusto Cardoso. O número de pedidos de alvarás de funcionamento, segundo ele, triplicou de dezembro para cá. "A temporada de verão, certamente, teve influência nesse acréscimo, mas parte dessa demanda é decorrente das perspectivas de desenvolvimento da região", afirmou, citando o exemplo de uma pousada e de um posto de combustíveis que estão se instalando no município. O parque eólico Geribatu é o maior dos três parques que compõem o Complexo Eólico Campos Neutrais e reúne 129 aerogeradores (2 MW de potência cada), distribuídos em 10 usinas, que ocupam uma área de 47,5 quilômetros quadrados.
"Com a entrega desse parque, a Eletrosul, com parceiros estratégicos, passa a responder por quase 40% da atual capacidade de geração eólica do Rio Grande do Sul", destaca o presidente da estatal, Eurides Mescolotto, lembrando que outros 144 MW do Complexo Eólico Cerro Chato, em Santana do Livramento, na Fronteira-Oeste, também já estão em operação.
"A cada MW entregue, firmamos ainda mais nossa posição como maior player do mercado eólico do Sul", acrescenta. Já o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, ressalta que o Rio Grande do Sul já tem mais de 1 mil MW de capacidade instalada de energia eólica em operação, o que equivale a quase 13% de seu parque gerador. "Com o desempenho crescente no aproveitamento da fonte, o Estado teve contribuição efetiva na colocação do Brasil entre as 10 maiores potências eólicas do mundo", frisa.
Fonte: Jornal do Comércio
