A invasão da Faixa de Gaza pelas forças israelenses fez emergir ontem uma cifra que deve provocar o aumento do repúdio à guerra. O número de palestinos mortos pelos ataques ultrapassou a marca de mil.

Os ataques israelenses haviam matado até o início da noite 1.017 palestinos, quase a metade deles civis, e deixado 4,5 mil feridos, de acordo com autoridades dos serviços médicos do território palestino. O número inclui 11 vítimas no dia de ontem. Treze israelense foram mortos desde que a operação começou em 27 de dezembro do ano passado, quatro por foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza.

Mais de 60 alvos foram atingidos ontem por Israel na Faixa de Gaza. Caças bombardeiros F-16 destruíram com mísseis o principal cemitério da Cidade de Gaza, situado no bairro de Sheik Raduan. Foram destruídos cerca de 30 túmulos e espalhando ossos e pedaços de corpos em decomposição. Palestinos recolheram os restos dos mortos e voltaram a enterrá-los nas covas. O exército israelense disse que o ataque tinha como alvo um depósito de armas nas imediações do cemitério. Um habitante disse à agência Efe que milicianos palestinos dispararam nos últimos dias foguetes contra localidades do sul de Israel a partir do interior do cemitério.

Entidades de defesa de direitos humanos palestinas e israelenses e a tradicional revista médica inglesa The Lancet engrossaram as críticas aos ataques. O editorial da The Lancet exorta médicos a se posicionarem em defesa de civis prejudicados por conflitos. A publicação registrou também um abaixo-assinado subscrito por 753 estudantes de medicina de todo o mundo – incluindo israelenses – que expressa “ultraje diante dos brutais ataques israelenses e o subsequente desastre humanitário que ocorre em Gaza”.



Cidade de Gaza
A contagem
> Os números de mortos das guerras costumam ter uma fonte padronizada. No atual conflito, os médicos palestinos têm sido a fonte desde o início das hostilidades
Respingos da guerra
Na primeira rodada de negociação de um cessarfogo no Oriente Médio, representantes do Egito reuniram-se ontem com uma delegação do Hamas no Cairo. Um representante de Israel é aguardado hoje. O Hamas evitou se comprometer com o cessar-fogo de até 10 dias e outros pontos da proposta egípcia. O terrorista saudita Osama bin Laden, mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, aparece em vídeo divulgado ontem por um site fundamentalista na internet pedindo uma “jihad” contra Israel em resposta à invasão da Faixa de Gaza. É a primeira aparição de Bin Laden em vídeo desde setembro de 2007. O chanceler britânico David Miliband disse ontem em artigo publicado no jornal inglês The Guardian que o uso da expressão “guerra contra o terror” desde o 11 de Setembro foi um equívoco. A União Européia anunciou ontem o congelamento de uma ampla negociação comercial com Israel. A Bolívia rompeu relações com o Estado judeu.