Trabalhadores da Gerdau, em Sapucaia do Sul, realizam ato em solidariedade aos metalúrgicos da planta de Ouro Branco (MG)
O Sindicato dos Metalúrgicos de são Leopoldo e Região (STIMMMESL) promoveu um ato na manhã desta sexta-feira (18), na planta da Gerdau em Sapucaia do Sul (RS). Além da campanha salarial, o ato foi um protesto contra a falta de segurança na planta da empresa em Ouro Branco, Minas Gerais.
Na terça-feira (15), os metalúrgicos Fernando Alves Peixoto, 40 anos, e Cristiano Rodrigo Marcelino, 35 anos, morreram vítimas de uma explosão no setor de coqueria 2 da usina, e outros 10 ficaram feridos, alguns em estado grave. É o terceiro acidente com vítimas fatais naquela planta da Gerdau e sete mortes em menos de um ano. A atividade iniciou com um minuto de silêncio em homenagem as vítimas.
“Hoje é um dia triste, aconteceu lá em Minas, mas poderia ter sido aqui, com a gente”, disse o diretor e coordenador da Rede Nacional dos Trabalhadores da Gerdau, Anderson Macedo Gauer. “Esses acidentes são inadmissíveis e acontecem por causa da administração porca da empresa”, enfatizou.
De acordo com ele, até o dia 23 de agosto, haverá atos contra a falta de segurança da Gerdau em diversas regiões do mundo, em todas as plantas da empresa. “Todos os metalúrgicos da empresa vão fazer essa reflexão e exigir melhores condições de trabalho”, concluiu.
Alexandro da Silva Braga, também trabalhador da Gerdau, ressaltou que a empresa irá aumentar o número de terceirizações. “A nossa segurança está muito deficiente e sabemos que entre os terceirizados a rotatividade e os baixos salários imperam”. Ele disse, ainda, que a resistência irá se intensificar no próximo período.
Outros problemas específicos da fábrica de Sapucaia foram destacados pelo dirigente Diomar Machado, como a situação no refeitório da empresa, que serve um tipo de comida durante o dia e outro à noite. “Já nos reunimos com a direção da empresa e isso não foi resolvido. Queremos a mesma comida para todos os trabalhadores”, afirmou.
Situação irá piorar com a Reforma Trabalhista
Diretor da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), João Rodrigues, sublinhou que a segurança tem que ser para todos que estão dentro da fábrica, “não interessa se é terceirizado ou não”. Para ele, a Reforma Trabalhista precarizará ainda mais a segurança do trabalho. “É inaceitável que os trabalhadores saem de casa e não retornem mais”, concluiu.
O Secretário de Formação e Política Sindical da Federação dos Metalúrgicos do RS (FTM), Paulo Chitolina, falou que “enquanto companheiros perdem a vida, o Jorge Gerdau roda o país com palestras sobre eficiência de gestão.” “Mas que modelo de gestão é esse?”, questionou e defendeu um padrão nacional de segurança que proteja todos os trabalhadores da rede.
Chitolina também informou que a Federação está rodando o estado para explicar o que as alterações na CLT representam. “A vida do trabalhador irá piorar e muito”, sentenciou.
Segurança tem que ser prioridade
O secretário de saúde do Sindicato, Valdemir Pereira criticou a terceirização e os efeitos sobre a saúde do trabalhador. “Terceirizam pois isso aumenta o lucro deles”, disse ao criticar o “sistema mascarado de segurança na Gerdau”. O dirigente contou ainda que o Brasil tem um dos mais altos índices de acidentes de trabalho no mundo.
“Enquanto trabalhadores morrem e ficam sequelados, para as empresas a vida segue, eles contratam outros e continuam lucrando”, declarou o secretário geral, Ademir Maia Coito. De acordo com ele, o que está em jogo “é a unidade operária e humana”.
O presidente do Sindicato, Valmir Lodi, coordenou a atividade e lamentou as diversas mortes e acidentes que já aconteceram na empresa. Trabalhador da Gerdau, ele citou inúmeros exemplos que a fábrica prejudicou os trabalhadores.
“Não podemos aceitar essa situação. Precisamos estar preparados, unidos e fortes, pois quando a Reforma Trabalhista entrar em vigor as coisas ficarão piores. Vão querer negociar individualmente”, explicou.
Ele também relatou como foram as reuniões de negociação com a patronal. “A Gerdau compõe a mesa de negociação e eles querem nos enrolar, só oferecem a inflação e querem limitar o reajuste dos nossos salários, conforme o ganho do trabalhador”, contou ao lembrar a paralisação de 24 horas dos trabalhadores da Controil contra o reajuste de 35% no plano de saúde.
“A valorização dos trabalhadores passa por um reajuste digno e por condições adequadas de segurança para que acidentes como este não se repitam”, finalizou Valmir.
Fonte: STIMMMESL