Senado aprova, em primeiro turno, fim do voto secreto no Congresso

 

O Senado aprovou, nesta quarta-feira, a proposta que altera a Constituição e estabelece o voto aberto em todas as decisões do Congresso e demais casas legislativas. O texto base recebeu 54 votos a favor, 10 contrários e uma abstenção.

Por ser uma proposta de emenda à Constituição (PEC), será necessária a votação em segundo turno.

Antes do início do segundo turno, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou que sejam apreciadas no plenário emendas apresentadas pelo senador Lobão Filho (PMDB-MA) que na prática alteram o texto original. A primeira emenda extingue o artigo que prevê que é vedado o voto secreto nas deliberações do Congresso. A segunda, apenas nos casos de votação de escolha de autoridades e a terceira nos casos de vetos presidenciais. A conclusão da votação ficou para a próxima semana.

O ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) foi um dos que se colocou contra a abertura dos votos para todos os casos:

— O voto secreto é a base da democracia — disse o peemedebista.

A discussão também dividiu os principais partidos da Casa como o PT e PSDB.

— Este Senado não pode, na tarde de hoje, e nem tem o direito de pedir para esconder o seu voto do povo brasileiro e do povo paraense — disse o senador Mario Couto (PSDB-PA).

Já o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP), disse que era contra:

— Creio que a abertura do voto fragiliza o Poder Legislativo nesse caso e também o Poder Judiciário.

O líder Wellington Dias (PT-PI) se posicionou a favor da proposta:

— Mesmo se o meu partido tivesse outra posição, eu teria problema hoje, porque, por convicção, defendo que o Brasil tem hoje maturidade, tem hoje tranquilidade suficiente para que tenhamos votação aberta em todas as votações. Todas as votações.

Já o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), disse que seguiria o voto da bancada, mas fez a ressalva:

— Hoje, estamos vendo aqui a satanização do voto secreto.

Durante a discussão houve ainda quem mudasse de opinião. Inicialmente, a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) disse que não se sentia constrangida em se posicionar contra o fim do voto secreto:

— Diferente de muitos, não acho que democracia seja sinônimo de voto aberto. Muitas vezes a democracia é expressa através do sigilo", afirmou. Quando a votação do texto-base foi nominal (com indicação no painel de como o senador se posicionou) a senadora disse que votaria a favor da proposta.

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