O Fórum Social Dos Presidentes
Uma cerimônia africana, ao som de atabaques, deu o tom à abertura do Fórum Social Mundial, ontem, em Belém (PA). Depois de quatro anos longe do Brasil, o evento retorna ao país com a confirmação das presenças de cinco chefes de Estado.Como ocorre tradicionalmente, o Fórum teve início com uma caminhada. Este ano, os militantes enfrentaram a chuva durante boa parte do percurso, de quatro quilômetros. Cartazes e faixas de repúdio aos Estados Unidos, comuns nas edições anteriores, foram tímidos.
Os participantes bradaram contra o capitalismo predatório e a favor da inclusão social, da solidariedade e do povo palestino. Também houve gritos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saídos de grupos do PSTU, e a favor, originados no grupo do PT.
Além de Lula, participarão do Fórum Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai). Os presidentes deverão participar de atividades previstas para amanhã e sexta-feira.
Para os organizadores do Fórum, a presença dos chefes de Estado tem dois propósitos: por um lado, atrair o interesse para o evento dos movimentos sociais. Por outro, dar maior importância ao Fórum, permitindo que os militantes cobrem diretamente atitudes dos governantes.
Nem todos os organizadores, porém, consideram positiva a presença de presidentes. Para alguns, ela rompe com o caráter apartidário do fórum. Para outros, essa associação permite que as resoluções do encontro tenham resultados práticos. Cândido Grzybowski, um dos idealizadores do evento, considera que o Fórum não gravita ao redor das autoridades.
– Não são eles que dão legitimidade a nós, mas sim nós que damos legitimidade a eles – complementou.
No primeiro dia de Fórum, o movimento no Aeroporto Internacional de Belém e na estação rodoviária foi grande. Longas filas também se formaram nos balcões de inscrição para as atividades.
Alheios aos interesses dos organizadores, os moradores de Belém ganharam problemas no trânsito da cidade. O trajeto de menos de 20 quilômetros entre o aeroporto e a Universidade Federal do Pará (UFPA), umas das sedes de atividades do Fórum, que geralmente é feito em 30 minutos, na manhã de ontem chegou a levar duas horas e meia para ser percorrido.
Fonte: Zero Hora