Em reunião com centrais, Dilma afirma que só aprovará projetos em consenso com os trabalhadores

Em reunião com centrais, Dilma afirma que só aprovará projetos em consenso com os trabalhadores

A CUT e as demais centrais sindicais reuniram-se na manhã desta quarta-feira (26) com a presidenta Dilma Rousseff, em Brasília, para discutir as recentes manifestações que tomaram conta das ruas do Brasil nas últimas semanas. A presidenta queria ouvir a opinião e saber quais as sugestões dos representantes dos/as trabalhadores/as sobre o clamor da sociedade.

Durante o encontro, Dilma enfatizou que não aprovará qualquer projeto sem que exista acordo entre trabalhadores, empregadores e governo. Ela garantiu que o diálogo com as centrais sindicais será permanente e que todos os temas da pauta da classe trabalhadora serão negociados, inclusive o fim do fator previdenciário e a redução da jornada para 40 horas semanais. Até agosto, segundo a presidenta, o governo dará uma resposta a todas as reivindicações que foram entregues a ela no Palácio do Planalto depois da Marcha da Classe Trabalhadora, em março.

“No meu governo não vou aceitar nada que prejudique os/as trabalhadores/as. Qualquer projeto que chegue até a mim que não tenha passado por um amplo processo de negociação com os representantes dos trabalhadores, será analisado com muito cuidado”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, aproveitou para falar sobre o Projeto de Lei 4330, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) que, sob o pretexto de regulamentar a terceirização da mão de obra no país, promove uma verdadeira reforma trabalhista.

“Este projeto, que está tramitando no Congresso Nacional”, disse Vagner, “precariza ainda mais as condições de trabalho, traz enormes prejuízos para os trabalhadores e as trabalhadoras”, argumentou o dirigente.

“No meu governo, não terá nada que represente prejuízo para os trabalhadores”, reforçou a presidenta.

Dilma admitiu que é preciso aprimorar a interlocução com as centrais e disse concordar com as críticas das ruas sobre a qualidade dos serviços públicos. Afirmou, ainda, que a pressão das mobilizações está correta e ajuda na transformação do país.

Vagner ponderou que as melhorias só existirão com mais investimentos na rede pública e pediu a presidenta que acelerasse os investimentos nas áreas da saúde, educação e transporte coletivo.

“O governo tem de se debruçar sobre a saúde, transporte, educação e segurança pública”, disse o presidente da CUT. Segundo ele, a presidenta entendeu a urgência de melhorar o atendimento a população e também que a resposta tem de vir do Estado. “Não adianta querer melhorar privatizando. Hoje, os trabalhadores já gastam grande parte dos ganhos salariais em saúde, educação e segurança privados. Isso precisa acabar”.

Depois da reunião, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que também é deputado, disse para a imprensa que o encontro tinha sido lamentável, sem encaminhamentos e que Dilma não tinha falado nada, apenas ouvido e ido embora.

Vagner criticou a postura do sindicalista da Força de querer desqualificar o encontro e fazer críticas políticas, provavelmente pensando nas próximas eleições, esclarecendo a imprensa presente sobre os objetivos da reunião e sobre a postura de Dilma que falou, interagiu, fez perguntas, se interessou por tudo que foi discutido. Segundo ele, assim que entrou na sala, ela avisou que precisaria sair para uma outra audiência, mas que seus ministros ficariam na sala.

“Não foi uma rodada de negociação da pauta das centrais, que já tem fórum quadripartite e reunião marcada para o próximo dia 3 de julho, quando discutiremos o PL (Projeto de Lei) 4330/3004, da terceirização. Mas, sim, um espaço para que discutíssemos o que está acontecendo e como devemos fazer para que o movimento crie propostas progressistas.”

Segundo Vagner, “a intervenção do senhor Paulo Pereira da Silva – durante a coletiva de imprensa - foi absolutamente distorcida. Ele está distorcendo tudo que foi construído aqui, com visão eleitoreira”.

O dirigente comentou, ainda, que a CUT irá construir uma campanha nacional pela reforma política e pelo plebiscito e citou a importância de dar ouvido ao povo.

“Qualquer político ou organização que for contra essa consulta é porque está acostumado à velha política e quer tratar esses assuntos longe da população e da classe trabalhadora, exclusivamente nos corredores do Congresso.”

Vagner disse à presidenta que, além da reforma política, o país precisa de uma reforma tributária urgentemente. “Está mais do que na hora de aumentar o imposto para os ricos e diminuir o dos pobres”, defendeu o dirigente.

Por fim, Vagner destacou que as conquistas do movimento sindical são resultado de mobilizações e da capacidade de organização da classe trabalhadora e não concessão do poder público.

“Os avanços são fruto de manifestações de rua, como a que promoveremos no dia 11 de julho em todo o país. A negociação se constrói na mesa, mas apenas se efetiva com manifestação de massa.”

Participaram da reunião, além da presidenta Dilma e do presidente da Cut, a vice-presidente da CUT Carmen Foro, o ministro do Trabalho Manoel Dias e a ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann, e representantes da Força SIndical, CTB, CGTB, UGT, Conlutas e CSB.

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