Com participação dos Metalúrgicos da CUT, segmento naval brasileiro retoma força

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Com participação dos Metalúrgicos da CUT, segmento naval brasileiro retoma força

A Petrobras pretende construir um total de 44 novas embarcações para exploração de petróleo e outras operações na costa brasileira dentro do seu Programa de Renovação e Ampliação da Frota, gerando em torno de 44 mil empregos diretos e indiretos nos próximos anos. Na segunda-feira (24), em Rio Grande (RS), o governo federal anunciou a construção de quatro navios dentro do programa de renovação da frota da estatal. Uma semana antes, em Angra dos Reis, houve o anúncio de licitação de oito novos navios.

Estas ações vão ao encontro da pauta defendida pelos Metalúrgicos da CUT para a retomada da indústria naval nacional, com soberania, mais emprego, renda e trabalho decente para os trabalhadores e trabalhadoras. 

Como explica o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, nos últimos anos, os representantes dos trabalhadores vêm articulando junto ao governo federal, Congresso Nacional e setor patronal a retomada do segmento naval, setor que já empregou milhares de trabalhadores no país e que foi devastado durante os governos Temer e Bolsonaro através da malfadada Operação Lava Jato, que quase entregou integralmente a Petrobrás nas mãos de países estrangeiros.

“Estas agendas de anúncios do segmento naval, tanto a do Pará, em novembro, quanto as de agora em Angra dos Reis e Rio Grande, demonstram a importância da participação da CNM/CUT nos debates e na estratégia da produção naval do Brasil, reforçando o papel  dos trabalhadores dentro desse contexto. É fundamental que possamos continuar esse debate para que a gente possa não ter apenas uma proposta de governo para o segmento, mas que seja um projeto de estado”, afirmou. 

Compromisso sendo cumprido

O presidente da CNM/CUT avalia que o compromisso de campanha feito pelo presidente Lula de retomar a indústria naval está sendo cumprido.

“Nós estamos falando da retomada de um setor estratégico ao Brasil. Estamos falando não só da produção de navios e embarcações, mas de soberania nacional, estamos falando de logística, estamos falando de empregos formais, e esse compromisso assumido pela Petrobras nos próximos cinco anos, dentro das previsões feitas pela empresa, são fundamentais para que a gente possa produzir navios no Brasil, que vise a cadeia produtiva, com compromisso do conteúdo local e dando oportunidades de crescimento da nossa indústria de transformação, na valorização da indústria nacional”, complementou Loricardo.

Em Angra dos Reis, a licitação anunciada prevê a aquisição de cinco navios gaseiros do tipo pressurizado para transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) e três navios do tipo semirrefrigerado capazes de transportar GLP e amônia. O governo federal vai ampliar a frota de gaseiros, levando em conta o aumento da produção de gás natural no país.

“O que esse evento em Angra dos Reis significa é que o presidente Lula está cumprindo o que ele prometeu, que é a retomada da indústria naval, usando a Petrobras e a Transpetro para induzirem esse processo. A ideia do presidente Lula e a nossa também é que a indústria naval seja parte de uma política de estado, e não apenas algo de um governo”, afirmou o coordenador do segmento naval da CNM/CUT, Edson Rocha.

Dirigentes da CNM/CUT em Angra dos Reis (RJ)

Contrato Coletivo Nacional

O presidente da CNM/CUT reforça que é preciso ter empregos de qualidade dentro do segmento. “Para ter essa indústria, precisamos também ter trabalho e precisa ser decente, participativo, com condições dignas. Temos que construir com os nossos sindicatos um contrato coletivo nacional, que resguarde  esses trabalhadores”, enfatizou Loricardo.

Outros estados também estão se movimentando para reaquecer o segmento naval. O Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco articulou junto a dois estaleiros do estado e a Frente Parlamentar Estadual em Defesa do Setor Naval uma audiência pública para debater o segmento em Pernambuco. A CNM/CUT estará presente no evento, que deve contar também com a presença de membros do Ministério da Indústria, Ministério dos Portos e da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Naval (composta por deputados e senadores em Brasília).

“Estamos buscando todo esse pessoal para debater a importância da indústria naval pernambucana, que possui dois estaleiros em pleno funcionamento - Atlântico Sul e Vard Promar - e que acreditamos que possam fazer parte das futuras licitações de navios e embarcações da Transpetro e da Petrobras. Esses estaleiros locais possuem expertise para produzir novas embarcações e navios e trazer mais produção para eles é trazer mais investimento para o crescimento do nosso estado”, disse o secretário de Organização Sindical da CNM/CUT e um dos coordenadores do segmento naval da entidade, Abinadabe Santos de Lima.


Geração de emprego e renda

Edson Rocha, que também é dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí (RS), torce para que esse lançamento em Angra dos Reis seja o início de vários outros.

“Esperamos que isso continue dando certo, pois é o que a gente quer: geração de emprego e renda aos trabalhadores da indústria naval. Claro que com isso teremos que formar mais trabalhadores, buscar a qualificação e requalificação de alguns, mas é importante que esse evento seja o pontapé da retomada da indústria naval. Já temos quatro navios que estão a caminho, agora tem o anúncio desses oito, foi anunciado também outras embarcações, e nós esperamos que essas licitações saiam o mais rápido possível”, complementou Edson.

Anúncios de investimentos

Em novembro, o governo federal anunciou investimentos de R$ 4 bilhões no segmento naval na região norte do país, em cerimônia no Estaleiro Rio Maguari, em Belém (PA). Em dezembro, a Petrobras assinou contratos no valor de R$ 16,5 bilhões para construção de 12 embarcações do tipo PSV (Plataform Supply Vessel, embarcação projetada e construída para transportar carga geral em convés aberto), onde R$ 5,2 bilhões serão destinados para investimentos em construção naval no Brasil em estaleiros em Santa Catarina.

“Já existem alguns navios licitados contemplando a indústria naval de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e acontecerão outras licitações. Podemos chegar até 60 mil postos de trabalho gerados na indústria naval e sua cadeia produtiva em todo o país”, disse o coordenador geral dos segmentos industriais da CNM/CUT, Juarez Estevam Ribeiro.

O dirigente destacou o trabalho da Confederação na luta pela retomada da indústria naval. “Sem dúvida alguma, esse evento de lançamento em Angra dos Reis é também o bom resultado da atuação da CNM/CUT, no qual participou de várias atividades junto ao governo federal, aos ministérios e ao Congresso Nacional, lá em Brasília. É um trabalho árduo, e nós estamos vendo o resultado da nossa luta diária. Parabéns aos companheiros da CNM/CUT”.


Fonte: CNM/CUT com informações da Agência Brasil


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