Após recorde, montadoras mais que dobram previsão de alta da produção
As montadoras instaladas no Brasil mais do que dobraram a expectativa de crescimento da produção de veículos e, ao mesmo tempo, reduziram a menos da metade a previsão de aumento das vendas, segundo informou a Anfavea (associação que representa o setor), após anunciar recorde de produção em agosto.
A entidade agora projeta que a produção de automóveis no país seja, este ano, 11,9% maior do que foi em 2012. A estimativa anterior era de uma alta de 4,5%.
Por outro lado, a associação passou a prever um aumento menor das vendas. Na projeção anterior, esperava alta de 3,5% a 4,5%; agora, estima em 1% a 2%.
Considerando que o nível de estoque está “normal”, como afirmou o presidente da Anfavea em entrevista coletiva, o que parece motivar um aumento da expectativa de produção, mesmo com a queda na previsão das vendas, são as melhores condições para a exportação.
Até julho, as montadoras esperavam uma queda de 4,6% nas exportações neste ano. Agora, a elas projetam uma alta de 20%.
Embora, segundo a própria Anfavea, a cotação do dólar esteja em um patamar bom para as montadoras no Brasil, não foi o câmbio que levou a entidade a prever aumento maior das exportações, e sim a melhora do cenário internacional.
Quando revisou a alta, o presidente da entidade, Luiz Moan, afirmou que o dólar continuava muito instável, de modo que, sozinho, o câmbio ainda não era um fator suficiente para sustentar uma projeção de melhora das exportações.
A previsão de exportar mais está baseada no aumento registrado de vendas para a Argentina e na manutenção do comércio com outros países, como os da União Europeia. Além disso, o presidente da Anfavea citou o Inovar Auto, programa federal para desestimular a importação e atrair investimento, como um dos fatores do aumento da produção local.
Indústria
Os dados da Anfavea – tanto as projeções como o registro do aumento recente da produção – dão esperança de que a atividade industrial do país tenha melhorado em agosto.
O setor automotivo foi o principal responsável pela queda de 2% da indústria brasileira em julho. Com um crescimento de 9% da produção de veículos no mês seguinte, além da revisão das expectativas do setor, aumenta a probabilidade de que a indústria recupere parte de suas perdas.
Quanto à revisão da projeção das vendas internas, deve-se notar que a Anfavea não está prevendo queda, mas sim um aumento menor do que o esperado anteriormente. Ou seja, apesar de o segundo semestre do ano passado ter sido muito forte por causa da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o desempenho deste ano deve ser de 1% a 2% superior, segundo as montadoras.
Os novos dados da Anfavea reforçam a hipótese defendida por este blog anteontem, de que o fundo do poço do recente ciclo de baixa da produção industrial ocorreu no final do ano passado e início de 2013.
É claro que esta lenta retomada da indústria não está garantida. Mas a informação de que a União Europeia, um dos principais parceiros comerciais do país, manteve o ritmo de compra de carros “made in Brazil”, junto com a notícia de que a protecionista Argentina elevou as importações, aumenta as chances de melhora dos produtores nacionais.
Fonte: Uol