Vendas De Veículos Reagem E Janeiro Anima Concessionárias
SÃO PAULO - Diante da medida do governo de reduzir o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), abaixando os preços dos carros a partir da segunda metade de dezembro, as concessionárias já sentiram uma pequena recuperação e esperam que já não ocorra queda de vendas este ano em relação ao ano passado.Tanto que a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que chegou a prever enorme queda de 19% para este ano, já reviu a meta e agora acredita que o mercado ainda pode crescer 3,13% sobre 2008. A perspectiva inclui automóveis, veículos comerciais leves, caminhões, ônibus e motos, com 4.895.143 unidades vendidas. No ano passado, o mercado ainda fechou com uma alta de 14,15% sobre 2007.
Apenas manter as vendas de 2008 já é algo visto como ótimo resultado por algumas redes, como é o caso da Brasilwagen, que tem seis concessionárias da Volkswagen em São Paulo. As revendas e montadoras ainda devem aproveitar o começo do ano e o período em que a medida valerá, até o final de março, para esvaziar os estoques e continuarem com ações promocionais e bônus.
De acordo com Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, o crescimento previsto é "extremamente positivo", ainda mais frente a uma projeção de queda de 19%, o que significa menos 700 mil veículos vendidos, e será possível com o auxílio da redução do IPI e se a economia não tiver mais nenhum abalo. "Tudo indica que a economia está caminhando para uma acomodação e pode reagir, as bolsas já não estão tendo grandes quedas, também não está ocorrendo uma grande movimentação de demissões, com muitos funcionários no regime de não trabalho, mas ainda empregados.", diz.
Em dezembro, em comparação com o mês de novembro, a entidade registrou que as vendas totais de automóveis crescerem 11,54%, com 345.447 unidades comercializadas, mas em relação ao mesmo mês de 2008, houve queda de 16,39%.
Na Brasilwagen, por exemplo, a meta será manter o nível de vendas de 2008. Nilton Morais, gerente de vendas da rede, afirma que não acredita em crescimento esse ano e que as redes e montadoras devem continuar apostando em mídia e promoções para estimular o consumidor. Para ele, recuperação é lenta e expectativa é que só nesse mês de janeiro as vendas voltem a melhorar. "Com a redução do IPI tivemos um impacto de 10%, 15% nas vendas em dezembro, mas a recuperação é bem fraca, demorou cerca de 10 dias para o consumidor acreditar e voltar às lojas.", diz.
O gerente explica que a necessidade de refaturamento das notas fiscais dos carros que estavam no estoque, para serem vendidos com o imposto menor, provocou uma demora na entrega dos carros, que só estão chegando agora. "Dezembro costuma ser um mês bom, os clientes querem sair com o carro e já viajar, sem a crise o grupo venderia 1 mil unidades, mas vendemos cerca de 500 carros", afirma. O número também ficou abaixo do que a rede vendeu em dezembro de 2007, que foram 800 veículos.
Só agora o nível de estoque da rede também deve voltar a normalizar. As seis concessionárias da Brasilwagen estão com um estoque de cerca de 700 carros zero quilômetro e 500 semi-novos, sendo que de semi-novos chegou a ficar com 800 unidades paradas em setembro e suspendeu a compra, parando de aceitar carros usados na troca até que o estoque atinja a meta de 400 veículos.
Já na Viamar, que tem seis concessionárias da Chevrolet na Grande São Paulo, a meta para 2009 ainda não foi decidida e a rede também ainda está esperando uma posição da General Motors (GM), que está em reunião essa semana. Porém, de acordo com Reynaldo Toffoli, gerente de vendas, há expectativa de voltar a um patamar de 800 carros vendidos por mês no início do ano.
Toffoli afirma que atingiram a meta da GM para dezembro do ano passado, com 680 carros vendidos, sendo que o pior mês foi novembro, com cerca de 600 unidades emplacadas. Antes da crise, a o grupo estava vendendo uma média de 1 mil carros por mês. "Soubemos de muitas concessionárias que caíram ainda mais em dezembro, mas nós conseguimos bater a meta proposta pela GM", afirma.
Para o gerente, a medida do governo já ajudou bastante, assim como ações tomadas pelas montadoras, como os feirões de novos e usados, sendo que para janeiro também já estão previstos novos feirões. Com ajuda das montadoras, os estoques também estão em níveis considerados adequados, com cerca de 500 novos e 600 semi-novos e usados.
Toffoli ainda destaca que muitos veículos estão chegando das montadoras com bônus e descontos. De 11 de dezembro a 7 de janeiro a GM também promoveu bônus maiores para funcionários de empresas que são suas parceiras, na compra de um Celta, por exemplo, o desconto foi de R$ 1,5 mil para R$ 2 mil.
Fonte: DCI