Um Janeiro De Alívio àS Concessionárias

A primeira quinzena de janeiro de 2009 será guardada com carinho na memória dos revendedores de automóveis. Rompendo com uma tendência histórica, o emplacamento dos primeiros 15 dias do ano subiu 9,15% na comparação com igual período de dezembro de 2008. Foi um alívio para um mercado preocupado com a queda dos negócios verificada a partir do estouro da crise mundial, em setembro.

Em um ano normal, as vendas caem no início de janeiro. Isso ocorre porque dezembro costuma ser um mês forte de vendas, turbinado pelo 13º salário. E janeiro, acanhado, abatido pelas férias e pela febre de consumo do mês anterior. Desde 2006, a primeira quinzena do ano registrava retração média de 28% ante dezembro.

Neste ano foi diferente: as concessionárias estão cheias. A funcionária pública federal Agnes Müller, por exemplo, estava em uma movimentada revenda da Capital na tarde de terça-feira para buscar o carro novo, seu primeiro veículo zero-quilômetro em sete anos. Agnes tinha planos para comprar um automóvel no meio do ano, mas resolveu antecipar a aquisição para aproveitar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde 12 dezembro. A medida foi uma reação do governo para evitar queda de vendas em um setor considerado estratégico para manter o crescimento da economia.

– Com a redução do IPI, vim ver os preços. E aproveitei – disse Agnes.

Com o corte de impostos, a funcionária pública de 47 anos calcula ter economizado mais de R$ 4 mil. Segundo o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Rio Grande do Sul (Fenabrave-RS), Hugo Pinto Ribeiro, a redução do IPI se somou aos incentivos que já vinham sendo oferecidos pelas montadoras para evitar a queda de vendas quando começaram a surgir informações sobre a turbulência econômica, como juros subsidiados abaixo de 1% ao mês e bônus de fábrica. Com o corte de impostos, o preço do carro novo caiu cerca de 6%.

– Sem dúvida, é efeito do IPI. O mais interessante é que as fábricas não tiraram os incentivos – afirmou o presidente da Fenabrave-RS.

Mas Agnes ainda ficou na dúvida se fez um bom negócio. Teme que as condições melhorem ainda mais nos próximos meses. O corte no IPI, no entanto, tem data para acabar: 31 de março. Até lá, a indústria espera continuar a fazer bons negócios, apesar dos sinais de problemas com montadoras no Exterior.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, disse que o ritmo de vendas em janeiro poderá fechar praticamente igual a dezembro, o que será considerado boa notícia para as empresas. Dados da primeira quinzena do ano mostram que o mercado esfriou um pouco na comparação com igual período de 2008. As vendas caíram 1,22%, segundo a Fenabrave.

– As medidas anunciadas pelo governo em dezembro estancaram a tendência de queda que vínhamos percebendo – afirmou Schneider.



Fonte: Zero Hora.com

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