Trabalhadores debatem reindustrialização com justiça social e ambiental no FSM
Trabalhadores e trabalhadoras realizaram, nesta quinta-feira (26), uma oficina para debater o futuro da indústria no Brasil. Com o tema “Indústria e Sustentabilidade”, a atividade integrou a programação do Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre, e foi organizada pela IndustriALL-Brasil, Macrossetor da Indústria da CUT, no qual a CNM/CUT faz parte, e Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil).
Entre os principais temas discutidos, está a reindustrialização do Brasil e a discussão do desenvolvimento industrial, com trabalho decente e geração de empregos com justiça social e ambiental. De forma híbrida, trabalhadores e dirigentes sindicais de diferentes sindicatos, federações e confederações do ramo da indústria de todo país participaram tanto virtualmente quanto presencialmente, na sede da CUT/RS.
Daniel Gaio, secretário nacional de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), destacou a necessidade de debater a sustentabilidade quando o assunto é reindustrialização. “Cerca de um quarto da força de trabalho mundial é altamente vulnerável aos impactos da mudança climática. Nesse sentido, temos que ter recursos e atenção para a adaptação e a mitigação. Esse e outros dados reafirmam a necessidade de discutirmos o desenvolvimento industrial, gerando empregos com justiça social e ambiental”, destacou.
Para Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), o debate também está associado à saúde do trabalhador. “Falando da nossa região de Manaus, a principal preocupação, no geral, é a saúde do trabalhador e a geração de empregos. Aqui, a redução da jornada de trabalho é uma das possibilidades que a classe trabalhadora encontrou para manter os empregos e a saúde”, comentou.
Sustentabilidade
O presidente do TID-Brasil, Rafael Marques, destacou o papel importante dos trabalhadores e das trabalhadoras nessa discussão. “A industrialização brasileira foi uma missão social econômica, que incluiu e trouxe renda, salário, oportunidades. Nesse sentido, a reindustrialização se torna de novo uma missão, por isso, nós trabalhadores nos preparamos para apresentar propostas que criassem motivação para investimentos na indústria nacional, com políticas claras, como a questão da sustentabilidade”, afirmou Rafael, ao citar o Plano Indústria 10+, documento das centrais que apontam caminhos para a reindustrialização.
O presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo de Oliveira, frisou que é necessário não somente pensar a indústria, mas para o que ela servirá ao povo brasileiro. “Esse debate mostra que os trabalhadores têm capacidade de discutir seus caminhos. Por isso, estamos discutindo a indústria e para o que ela serve para o povo, que é distribuir renda e levar condições melhores para as pessoas. Além disso, estamos dialogando também sobre a questão da sustentabilidade, que passa pela situação ambiental, econômica, social, ou seja, sustentabilidade humana”, explicou.
A coordenadora do Macrossetor da Indústria da CUT e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Vestuário da CUT (CNTRV), Cida Trajano, foi representada pela secretária de Imprensa e Comunicação da entidade, Márcia Viana.
A dirigente destacou a construção em atendimento às demandas sociais. “Realizar esse debate é fundamental nesse momento de reconstrução do Brasil. Diante disso, a reindustrialização deve ser capaz de preservar o meio ambiente, trazer qualidade de vida ao povo e atender as demandas sociais”, comentou Márcia.
O secretário-geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, enfatizou a necessidade do trabalho e o debate focado nas indústrias regionais. “Destacar também a importância de estarmos construindo, de forma coletiva, as temáticas regionais, com as prefeituras, de forma tripartite, para discutir as indústrias regionais, um trabalho importante a ser discutido através da IndustriALL”, ressaltou.
Indústria a serviço do povo brasileiro
O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, apontou que a oficina foi um fato inédito no Fórum Social Mundial. “A primeira vez que os trabalhadores propõem o tema da indústria e debatem qual indústria que interessa ao povo brasileiro. Como disputar uma perspectiva de uma indústria que gere emprego decente e como construir uma perspectiva de vida e inclusão social com dignidade.”
Claudir falou da indústria como estratégia para solucionar os problemas da população. “Estamos apontando que tem que ter políticas públicas para alavancar novos setores, que têm potencial de gerar emprego industrial. Não se trata só da indústria pré-existente, se trata de examinar a indústria como estratégia para resolver os problemas do povo brasileiro”, disse.
O dirigente da CUT-RS observou ainda que existem muitas áreas que podem ajudar o Brasil a crescer. “A indústria da saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura e mobilidade urbana tem condições reais de criar crescimento econômico e desenvolvimento industrial e colocar o Brasil num papel de soberania no mundo”, destacou.
Fonte: IndustriALL-Brasil, CUT RS e CNM/CUT