Trabalhadores De Caxias Protestaram Em Defesa Do Emprego E Salário
Ainda era madrugada de sexta-feira (5h) quando dezenas de trabalhadores se reuniram em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul. O grupo aguardava o momento de partir em direção a dois pontos da cidade, as rodovias BR 116 e RS 112, onde realizariam manifestações em defesa do emprego e do salário.Porém, antes de chegar até estas rodovias, ocorreram duas assembléias, por volta das 5h30min, nas empresas Voges e Mundial. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, contextualizou a crise aos trabalhadores que estavam em frente às fábricas. “O atual momento é fruto da especulação, da jogatina internacional,” afirmou. Logo após, a manifestação seguiu até a BR 116, Km 146. No local, o bloqueio da pista originou um congestionamento de seis quilômetros.
No caminhão de som, Assis Melo lembrou a importância de manifestações como a que ocorreu contra a emenda 3. Também defendeu a criação de um Comitê em defesa do emprego e do salário que tenha envolvimento de empresários, autoridades, trabalhadores e a sociedade como um todo. “Transtorno é quando um pai de família perde o emprego,” discursou Assis, afirmando que o ato desta sexta-feira é apenas o início de uma grande jornada de lutas.
Entre os trabalhadores que acompanhavam o protesto, estava o funcionário da Agrale Valdir Corso, de 49 anos. “Isto é um alerta para os empresários que têm lucrado muito nos últimos anos,” afirmou, completando que é necessário proteger os mais pobres.
Mobilização na RS 122 teve compreensão dos motoristas e animação dos manifestantes
Na RS 122, sentido Caxias-Farroupilha, o trânsito ficou interrompido durante duas horas. Apesar da tentativa de desviar do caminho, tomada por alguns motoristas, o clima no local foi de tranquilidade. O caminhoneiro Nelson Figueiredo de Lima, 43 anos, aproveitou a parada para tomar um chimarrão enquanto escutava os discursos dos trabalhadores. “Não fico incomodado em ter que parar. Assim aproveito e tomo um mate,” disse tranquilamente.
Um policial militar que estava à paisana e preferiu que seu nome não fosse revelado, acompanhou a manifestação e comentou que a categoria à qual pertence deveria fazer esse tipo de protesto também. “Nossa classe deveria ser mais unida, o policial não pode se manifestar,” desabafou.
Entre os manifestantes, a integrante do MTD conhecida como Baiana era a mais animada. Apesar do apelido, Marinalva, de 60 anos, é natural do sertão do estado de Alagoas. Ela impressionou a todos porque mesmo enquanto dançava ao som de música gaúcha que tocava no caminhão de som, carregava na cabeça um garrafão de cinco litros cheio de água. “Quero simbolizar o sacrifício do povo nordestino em busca de água, o sacrifício do trabalhador em busca de emprego,” explicou Marinalva.
Participaram da atividade as centrais sindicais CTB e CUT e os sindicatos dos Comerciários, Rodoviários, Sindilimp, Sindiserv, Federação dos Metalúrgicos RS, Seaacom, MTD e UAB.
Fonte: Sindicato de Caxias