Tecon Rio Grande investirá US$ 40 milhões
Apesar de as expectativas para a economia em 2015 serem desanimadoras, o Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande mantém os planos de investimentos. Para o ano, a companhia projeta um aporte de US$ 40 milhões em infraestrutura, fundamentalmente na compra de novos equipamentos de cais e pátio.
O diretor-presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti, adianta que, entre as aquisições, estarão três guindastes STS (Ship to Shore Container Crane) e oito RTGs (Rubber Tyre Gantry Crane - guindaste de pórtico sobre pneus). Com a encomenda feita neste ano, a entrega acontecerá em 2016. Também no próximo ano, a empresa pretende tirar do papel um antigo sonho: a ampliação dos seus três berços de atracação. Cada estrutura será expandida dos atuais 300 metros para 400 metros, passando de 900 metros para 1,2 mil metros o total de cais. A expectativa é de que uma obra como essa leve cerca de 18 meses para ser concluída. Bertinetti ressalta que um dos objetivos com os novos empreendimentos é qualificar o Tecon para o atendimento de navios de maior porte, como as embarcações de 366 metros de comprimento.
Outra iniciativa prevista pelo Tecon Rio Grande é a volta das atividades com contêineres transportados por barcaças que utilizam a hidrovia gaúcha. Bertinetti revela que foi firmado um memorando de intenções com a Braskem e a previsão é de que até maio a operação com essas embarcações esteja funcionando. O grupo petroquímico está envolvido com o acordo, pois o trabalho com contêineres no seu terminal Santa Clara, localizado no Polo de Triunfo, deverá ser retomado. Esse complexo deixou de movimentar contêineres desde que a Braskem resolveu adaptar, em 2009, o terminal para receber etanol destinado à fabricação do chamado “plástico verde”. No entanto, atualmente, a estrutura está ociosa quanto ao transporte do combustível.
No ano passado, o volume total de cargas movimentado pelo Tecon Rio Grande foi de 687,1 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o que representou aumento de 6,1% em relação a 2013. Bertinetti explica que esse incremento deve-se muito pelo transbordo (cargas que são transferidas de um navio para o terminal e depois partem para outro destino) de cargas provenientes da Argentina. “Graças à nossa amiga Cristina Kirchner”, brinca o executivo.
O dirigente detalha que essa situação foi ocasionada por uma sobretaxa imposta pela presidente argentina às cargas que saem do seu país para outras nações e que fazem transbordo no Uruguai. Assim, várias cargas, principalmente as procedentes do Sul da Argentina, da região da Patagônia, como frutas, estão passando por Rio Grande. No total, a operação de transbordo apresentou, no comparativo com 2013, 89% de elevação, com 42 mil movimentos adicionais.
Já a cabotagem no Tecon gaúcho (movimentação de cargas entre portos brasileiros) fechou o ano passado com 3,7% de aumento. Entre os produtos de destaque nesse nicho estiveram móveis, vinhos, conservas e leite em pó. Quanto a projeções para 2015, Bertinetti argumenta que os portos são os acessos para o comércio exterior de um país e, com a economia não crescendo como se gostaria, isso deverá acabar refletindo na movimentação dos terminais.
Em 2014, o Tecon investiu aproximadamente R$ 20 milhões em infraestrutura e equipamentos, que facilitaram a logística interna para clientes e fornecedores. No primeiro semestre, por exemplo, a empresa promoveu a automação completa dos gates de entrada e saída do terminal. Com o sistema OCR (Optical Character Recognition) é possível fazer a leitura eletrônica do caminhão ou trem que está ingressando nas instalações do complexo, bem como da numeração do contêiner – o que possibilita saber qual carga está sendo entregue. Não há, portanto, a necessidade de serviço manual para esse tipo de conferência, o que gera mais agilidade e rapidez na operação.
Terminal de Imbituba também se prepara para receber embarcações com maior capacidade
Não é somente o Tecon Rio Grande que está de olho na atração de embarcações com maior capacidade. O gerente executivo do Tecon Imbituba, Paulo Pegas, informa que o complexo catarinense já começou os estudos de manobrabilidade para receber navios com até 366 metros. Esse trabalho de simulação envolverá agentes como Capitania dos Portos, praticagem, armadores e terminal.
Após essa ação, acrescenta o dirigente, será iniciado o processo com a Marinha para pedir a liberação do acesso desses navios. A perspectiva é de que essa meta seja alcançada ainda neste ano. Apesar da expectativa pessimista com a economia brasileira, por ser um terminal relativamente jovem ainda (foi adquirido em 2008 pelo grupo Santos Brasil), o otimismo da empresa permanece para 2015. A estratégia é atrair novas linhas e aumentar o volume de contêineres movimentados. Além disso, em novembro foi obtida a homologação das novas dimensões da bacia de evolução de Imbituba, capacitando a operação de embarcações com 333,2 metros de comprimento.
Pegas acredita que, neste ano, possa ser alcançado um acréscimo de volume de, no mínimo, 50%. Em 2014, foram movimentados 23.699 contêineres cheios, contra 7.088 unidades em 2013, uma variação de 234,4%. Já quanto a contêineres vazios os resultados, nos mesmos períodos, foram de 8.036 e 4.374 unidades, um crescimento de 83,7%.
O dirigente explica que a elevação dos números deve-se, em grande parte, à entrada de novos serviços entre os quais a linha de cabotagem da Aliança Navegação, que conecta a região Sul ao Norte e Nordeste brasileiro, e o atendimento ao Golfo do México feito pela Hamburg Süd e Hapag-Lloyd. No total, o Tecon Imbituba possui capacidade para movimentar anualmente 450 mil TEUs, com 207 mil metros quadrados de área total e 660 metros de cais acostável.
Fonte: Jornal do Comércio