Taxação anunciada por Trump nos EUA prejudica trabalhadores no Brasil

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Taxação anunciada por Trump nos EUA prejudica trabalhadores no Brasil

Para a CNM/CUT, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar as importações locais de aço e alumínio em 25% prejudica os trabalhadores do segmento siderúrgico no Brasil, já que afeta diretamente a produção brasileira de aço e alumínio. O país norte-americano é o principal destino das exportações de aço brasileira (55% do total exportado), para onde também vai uma porção significativa das exportações de alumínio (16,8%). Os dados de exportação são do DIEESE. 

Em nota técnica, o DIEESE aponta que o Brasil exporta aço para mais de 100 países e foi o 12º maior exportador mundial de produtos siderúrgicos em 2023, com 11,7 milhões de toneladas exportadas. Os Estados Unidos são o principal destino dessas exportações, correspondendo a cerca de 55% do valor total das exportações brasileiro. O Brasil é o segundo maior fornecedor do mercado norte-americano (atrás apenas do Canadá), exportando especialmente semiacabados como placas de aço e tarugos.

No caso do alumínio, em 2023 o Brasil foi o 8º maior produtor mundial do metal. Os EUA representam 16,8% das exportações brasileiras do metal, movimentando US$ 267 milhões em 2024. Em volume, 13,5% do total exportado pelo Brasil foi para o mercado americano, sendo chapas e folhas de alumínio 76% desse montante.

“Essa decisão da taxação americana ela não só prejudica a produção brasileira, mas também os trabalhadores, as empresas na questão de investimento e de perspectiva de futuro nas plantas do Brasil, e impacta na contratação de mão de obra, pois se não tem produção, não tem emprego”, afirmou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira.

O dirigente acredita que esse é um momento das empresas que fabricam aço e alumínio no país redirecionarem a produção para o mercado nacional, visando a indústria brasileira, indo além das exportações. Ele também acredita que é mais que urgente olhar para a produção nacional e geração de empregos para os brasileiros.  

“É lógico que esses segmentos dependem de exportações para produzir, mas é preciso que essas empresas tenham também compromisso com a indústria do nosso país. E isso tem que estar ligado com a pauta do trabalho. Essa é a maior preocupação da Confederação, de como ficarão os trabalhadores diante de toda essa história da taxação. O governo norte americano não está preocupado com as pessoas, está preocupado com o capital e com seus próprios interesses internos, eles querem enriquecer seu país mesmo que seja às custas do empobrecimento de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil”, alertou Loricardo.

O presidente da CNM/CUT reforça que a entidade está buscando agendar reuniões com o Instituto do Aço, Ministério da Indústria e solicitando agilidade na proposta feita pela Confederação na criação da frente parlamentar em defesa do trabalho e da indústria do aço. “Para esta frente estamos conversando com o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) e com a deputada federal Jack Rocha (PT-ES)”.

Posicionamento brasileiro

O coordenador do segmento siderúrgico da CNM/CUT, Fábio Piontkwski, disse que a Confederação pedirá novamente ao Instituto Aço Brasil, maior entidade patronal do setor siderúrgico nacional, para que seja feito um debate com os trabalhadores sobre a postura a ser tomada pelo governo federal a respeito da taxação norte americana.

“Sabemos que o pessoal da siderurgia já se reuniu com o governo para tratar do assunto e nós, trabalhadores, ainda não. Queremos ser ouvidos sobre o tema e pedimos ao governo federal para escutar os trabalhadores também. Já saiu um posicionamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto Aço Brasil de que o governo não vai retaliar a postura norte-americana, e nós, de novo, não fomos inseridos nesse debate”, afirmou Fábio.

Também coordenador do segmento siderúrgico da CNM/CUT, Flávio Cordeiro de Paiva, defende que o governo brasileiro precisa ser firme frente à postura dos Estados Unidos.

“O governo manifestou a intenção de buscar diálogo com os Estados Unidos para reverter essa decisão ou, ao menos, negociar alternativas como a implementação de cotas de exportação sem a sobretaxa, semelhante ao acordo estabelecido em 2018. É fundamental que o governo brasileiro adote uma postura firme na defesa da nossa indústria e dos empregos dos metalúrgicos. A busca por alternativas diplomáticas e medidas que minimizem os prejuízos para o setor é essencial para garantir a competitividade e a proteção dos trabalhadores”, disse Flávio.


Fonte: CNM/CUT

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