Sindicatos Querem Espaço Para Debate Nas Fábricas
Porto Alegre (RS) – Sindicatos metalúrgicos do Rio Grande do Sul reivindicam ter espaço para se comunicar com os trabalhadores nas fábricas. Em 2007, as empresas se utilizaram de medidas judiciais para manter os sindicatos longe dos metalúrgicos durante a negociação salarial.Os interditos proibitórios foram os recursos mais utilizados. Em Caxias do Sul, na Serra gaúcha, o sindicato teve que ficar a pelo menos 100 metros dos portões de 18 fábricas, dificultando o acesso aos trabalhadores e a atividades como panfletagem e assembléias. Caso o interdito fosse desrespeitado, o sindicato teria que pagar uma multa de R$ 20 mil por dia.
Este ano, os metalúrgicos ainda estão em fase de negociação com as empresas. No entanto, o presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Leandro Velho, afirma que se as empresas não mostrarem flexibilidade vão ocorrer as assembléias em frente às fábricas.
”Tem várias empresas grandes, aqui, que os ônibus entram dentro da empresa, então, nós temos dificuldade de chegar até os trabalhadores, pra fazer assembléia, onde as empresas contratam segurança articular, Brigada Militar, não deixando falar com o Sindicato, intervindo no movimento sindical”, diz.
Para Leandro, o fato das empresas proibirem a entrada dos sindicatos nas fábricas fere a democracia em que a sociedade vive. Em 2007, em Caxias, empresas como Rondon, Marcopolo, Fras-le, Metalcorte, Lavrale e Agrale pediram interdito proibitório à Justiça.
“Uma empresa do grupo Rondon não deixou a gente largar nosso jornal porque tinha uma matéria que falava alguma coisa sobre a empresa, uma coisa real e verdadeira, então ele está impedindo também a democracia da imprensa dentro da fábrica. A democracia existe hoje só do portão da fábrica pra fora”, diz.
Os sindicatos de Porto Alegre, Gravataí, Panambi e Horizontina também sofreram interditos proibitórios no ano passado. Segundo o Presidente da Federação dos Metalúrgicos, Milton Viário, o problema é ainda maior nas grandes empresas e nas multinacionais, onde dirigentes sindicais já sofreram demissões, mesmo tendo estabilidade garantida na lei.
“O local de trabalho e onde se processa a exploração dos trabalhadores são locais que, cada vez mais, existe menos espaço dos trabalhadores poderem dialogar e se manifestar. Estamos percebendo uma ausência de democracia. Nós sentimos a sociedade diminuir a sua participação dentro da vida política e nos locais de trabalho muito mais ainda”, diz.
Fonte: Paula Cassandra - Agência Chasque