Setor Industrial Já Cortou Mais De 150 Mil Vagas

SÃO PAULO - A queda da demanda pelos produtos industriais já foi responsável pela demissão de mais de 150 mil trabalhadores desde novembro, conforme levantamento realizado pelo DCI nos principais setores que puxaram o crescimento do País em 2008, como a cadeia siderúrgica e automotiva, que, até o momento, sentiram os baques mais fortes da crise que abala o mundo desde setembro.

O governo deve divulgar hoje o Cadastro Geral dos Empregados e Demitidos (Caged) de dezembro, segundo informou o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que fez uma previsão pessimista dizendo que esse número pode chegar a 600 mil demissões, o dobro do que é normalmente registrado no último mês do ano. O Caged representa as vagas em todos os setores da economia, mas soma apenas os assalariados com carteira assinada. Somente em novembro, no Estado de São Paulo, as demissões passaram de 34 mil, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na região de São José dos Campos, as homologações de dispensas realizadas no sindicato dos metalúrgicos da região, em janeiro, já passaram de 500. A montadora General Motors (GM) encerrou o contrato de 744 temporários em sua planta instalada no município paulista na semana passada.

"Estamos com uma forte campanha contra as demissões e o momento ainda está muito incerto para análise", afirmou o diretor do sindicato de São José, Luis Carlos Prates. Também na semana passada, a fabricante de autopeças Magneti Marelli, na região do ABC , na Grande São Paulo, dispensou 800 trabalhadores de seu complexo fabril. Já em Campinas, importante pólo produtivo de autopeças, as demissões já passaram de quatro mil, segundo o sindicato da categoria.

Em outro estado abalado com as demissões, Minas Gerais, região responsável por 70% da produção brasileira de ferro, aproximadamente 12 mil vagas foram cortadas apenas no setor de extração mineral, a reboque dos cortes de produção, que já chegou a 50% do total.

"O setor extrativo é o último a ser aquecido com a retomada do crescimento da economia", afirmou Paulo Soares de Souza, presidente do Sindicato Metabase de Itabira, região que, de acordo com o sindicato, já perdeu duas mil vagas desde o início da crise financeira. Das 1300 demissões anunciadas pela mineradora Vale, 20% ocorreu no estado mineiro.

Também em Minas, na região de João Monlevade, onde está instalada uma unidade da siderúrgica ArcelorMittal. A paralisação da companhia - que já promoveu férias coletivas a seus funcionários - já causou a demissão de cerca de 300 pessoas de fornecedoras da siderúrgica. "A Arcelor não está conseguindo fechar pedidos para depois de três meses. O medo dos trabalhadores em perder o emprego está muito grande neste mês", disse o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade e região, José Nilton Soares.

Os Programas de Desligamento Voluntário (PDV) também está sendo um recurso utilizado pelas empresas. A ArcelorMittal informou na semana passada que iniciou o PDV para antecipação voluntária de aposentadorias.

Efeito dominó

A desaceleração dos principais setores da economia brasileira promoveu efeito em toda a cadeia dependente das principais indústrias do País. Em Charqueadas (RS), onde está instalada a unidade da Gerdau, pequenas indústrias, que forneciam para a siderúrgica, já fecharam as portas com a diminuição da produção da Gerdau por conta da queda da demanda. "Até o momento, o desemprego na nossa região está muito atrelado às pequenas indústrias. O que nos impactaria ainda mais seria demissões em massa em companhias com o tamanho da Gerdau", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Charqueadas, Jorge Luis Ferreira de Carvalho.

Na planta do município de Charqueadas, a Gerdau já desligou 15 funcionários neste mês.



Fonte: DCI

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