Salva-vidas Para A Gm E A Chrysler
20 de dezembro de 2008Para evitar o colapso imediato da General Motors (GM) e da Chrysler, o governo norte-americano anunciou ontem um empréstimo de US$ 17,4 bilhões às duas montadoras, que correm risco de falência. O salva-vidas do presidente George W. Bush inclui exigências, como planos detalhados de viabilidade financeira, que as companhias terão de cumprir.
Caso as companhias se mostrem incapazes de assumir os compromissos até o fim de março, estão obrigadas a devolver o dinheiro e, possivelmente, terão de entrar em concordata. O dinheiro virá do pacote de resgate dos bancos – os US$ 700 bilhões aprovados em outubro pelo Congresso. Os primeiros cheques serão liberados no dia 29.
Na avaliação de Alcides Leite, professor de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios, o socorro é emergencial, com impacto favorável também no Brasil:
- É para as montadoras agüentarem até a posse de (Barack) Obama. A perpectiva era de que sem isso, essas empresas não conseguiriam terminar o ano. Isso é positivo também para o Brasil, no sentido de que alivia um pouco a tensão lá e aqui também.
Leite pondera que a situação das montadoras no Brasil não é ruim – afinal, tiveram um ano bom. O problema é o crédito para os clientes, afirma:
– Isso está aos poucos voltando ao normal. A redução do IPI ajudou.
Ao anunciar o plano, Bush afirmou que seria irresponsável deixar as empresas pedirem concordata agora, o que provocaria uma “liquidação desordenada das montadoras”. Obama apoiou a iniciativa e pediu união do setor, a fim de evitar o colapso.
Jatinhos das companhias deverão ser eliminados
O socorro vem uma semana depois de o Senado ter rejeitado um pacote de US$ 14 bilhões às montadoras. O empréstimo exige que as companhias reduzam suas dívidas em dois terços – em parte, isso deverá ser feito trocando os débitos por participação nas ações das empresas. Também terá de ser alcançado um acordo com o sindicato nacional das montadoras, a United Automobile Workers, para cortar salários e benefícios, de maneira que se tornem competitivas com as fabricantes estrangeiras.
Além disso, as restrições proíbem bônus ou pagamentos de incentivos sem aprovação da Casa Branca para os 25 empregados com maiores salários e eliminação dos jatos das companhias.
– As empresas e os sindicatos devem entender o que está em jogo e tomar as decisões difíceis necessárias para a reforma.
Os empréstimos darão aos fabricantes três meses para que iniciem planos para se reestruturar em companhias viáveis. Se a reestruturação não for obtida sem declaração de falência, os empréstimos permitirão que as companhias façam os preparativos legais e financeiros para um processo ordenado (de concordata) – disse Bush.
Rick Wagoner, presidente da GM, e Robert Nardelli, presidente da Chrysler, disseram que estão comprometidos a cumprir as exigências. Wagoner comentou que a concordata teria um custo elevado e que o plano é um guia “para uma nova GM”.
A Ford, a segunda das três grandes de Detroit, informou que ainda não precisará dos recursos, mas elogiou a concessão de dinheiro.
– O setor do automóvel americano é muito interdependente, e a decisão de um de nossos concorrentes teria um efeito que poria em perigo milhões de empregos – disse o presidente executivo da Ford, Alan Mullaly.
Fonte: Zero Hora