Plenária no Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo discute projeto para alimentação saudável
Plenária no Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo
Potencialização da Campanha Salarial 2013
No dia 2 de abril, foi realizada, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo, mais uma atividade de potencialização da Campanha Salarial 2013. Dirigentes de seis sindicatos participaram da plenária que contou com a presença do nosso valoroso dirigente Milton Viario, atualmente integrante do gabinete do governo Tarso Genro.
Acompanhado de René Cecconello, Viario foi o painelista do encontro, quando apresentou a proposta do governo Tarso de financiar a agricultura camponesa para a produção de alimentos, em transição do sistema convencional, baseado em insumos químicos (agrotóxicos e fertilizantes), para a orgânica e ecológica. Viario justificou sua proposta ao dividir a agricultura atual em dois segmentos ou duas formas de produção de alimentos.
Uma é a agricultura industrial, que está inserida na lógica capitalista de produzir sempre mais, que leva os solos a ficarem esgotados e, por isso, não pode deixar de usar os insumos químicos. A outra é a agricultura camponesa, que ele definiu como uma agricultura que preserva a terra, ou seja, ao respeitar o tempo de reciclagem dos solos, não os esgota e, assim, não vai precisar dos agrotóxicos e fertilizantes e, então, produzirá alimentos saudáveis, sem venenos.
Porém, Milton Viario deixou claro que para um projeto desse tipo ter êxito, será necessário garantir mercado nas cidades para a produção dos pequenos agricultores. Será necessário também que os moradores das cidades estejam sensibilizados para a importância de consumir esses alimentos saudáveis, produzidos sem o uso de venenos.
Neste sentido, há duas propostas iniciais sugeridas pelos Sindicatos dos Metalúrgicos de Passo Fundo e Erechim, de regulamentar, na própria Convenção Coletiva da categoria, o acesso permanente dos trabalhadores metalúrgicos a esses alimentos. Esse acesso ficaria garantido através da implantação dos refeitórios dos trabalhadores na cidade vizinha e da cozinha do trabalhador em Passo Fundo. A matéria-prima para os refeitórios e a cozinha deverá ser fornecida pela agricultura camponesa.
Diante disso, os metalúrgicos propõem os seguintes encaminhamentos:
1ºCampanha permanente, planejada com marca, etc;
2ºColocar uma meta nessa campanha salarial;
3ºEnvolver os trabalhadores nessa campanha; e
4ºFazer esse trabalha articulado com as entidades do compõe da cidade.
Como está a água que bebemos?
O jornal Brasil de Fato, edição de número 518, dedicou uma página inteira para destacar a terceira parte do dossiê elaborado pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), que tem como título “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”. Entre outras tantas informações, o dossiê expõe dados alarmantes, gravíssimos, quanto à qualidade da água que bebemos em nosso país. Segundo o dossiê da Abrasco, há várias décadas o Estado brasileiro vem legalizando a contaminação do meio ambiente pelos agrotóxicos. Esta legalização vem se dando, por exemplo, com as mudanças que são feitas a longo do tempo na potabilidade da água. As mudanças vêm permitindo o aumento da quantidade de agrotóxicos, substâncias químicas e solventes presentes na água que bebemos.
Conforme o Brasil de Fato, em 1977, a norma que regrava a potabilidade da água que bebemos no Brasil permitia a presença de 12 tipos de agrotóxicos, de dez metais pesados e de nenhum solvente e nenhum produto químico de desinfecção domiciliar. Ao longo dos anos, essa quantidade não veio sendo diminuída, mas, pelo contrário, aumentada. A última alteração dessa norma aconteceu em 2011 e passou a permitir a existência de até 27 tipos de agrotóxicos, de 15 metais pesados, de 15 solventes, de 7 produtos químicos de desinfecção domiciliar e ainda o uso de algicidas nos mananciais e estações de tratamento de água. [1]
Sabemos, companheiro metalúrgico que a medicina diz que devemos tomar, no mínimo, dois litros de água por dia. E daí fica a pergunta: como é que fica nossa saúde se a cada gole d’água estamos colocando em nosso corpo esse monte de venenos?
Cresce o uso de agrotóxicos
Você deve ainda lembrar. No final da década de 1990, a semente de soja transgênica começou a ser introduzida no Rio Grande do Sul de forma ilegal, contrabandeada da Argentina. Naquela época, intensa propaganda procurava nos convencer de que com tal semente o uso de agrotóxicos iria diminuir bastante.
Porém, passada já uma década e meia, os dados mostram que o Brasil se tornou o campeão mundial no uso de agrotóxicos: são cerca de 1 bilhão de litros consumidos por ano. Isto garante a cada um de nós uma média de mais de 5 litros de venenos a cada ano que passa.
Conforme informa o engenheiro agrônomo Gerson Teixeira, presidente da Abra, Associação Brasileira de Reforma Agrária, no ano 2000, a importação de agrotóxicos custou ao Brasil 259 milhões de dólares e, em 2012, o gasto chegou a 2,2 bilhões de dólares. [2]
E dados da Conab, sobre os custos de produção da soja RR na região de Santa Rosa (RS), apontam para o aumento dos gastos com agrotóxicos. Se em 2008 os agrotóxicos correspondiam a 19,8% do total das despesas de custeio, em 2011 esse percentual tinha subido para 29%.
Agricultura ecológica é o caminho
Acima, apresentamos somente uns poucos dados sobre o resultado altamente negativo do uso crescente de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. E esses dados já bastam para que nos conscientizemos de que é necessária a mudança, o mais breve possível, desse modelo de agricultura. Para tanto, o nosso apoio aos agricultores que produzem alimentos sem o uso de venenos é fundamental. A agricultura ecológica é o caminho para que tenhamos a nossa mesa alimentos saudáveis.
Notas
[1] Jornal Brasil de Fato nº 518, de 31/01/2013 a 06/02/3013
Conhecimento científico e popular na luta pela saúde – Dossiê da Abrasco reúne pesquisas e relatos de comunidades diretamente atingidas pelos agrotóxicos para denunciar impactos do agronegócio na saúde o no meio ambiente
[2]http://www.mst.org.br/content/o-agronegocio-e-negocio-para-o-brasil
O agronegócio é ‘negócio’ para o Brasil?, artigo de Gerson Teixeira
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo