Para a CUT a posição do BC de manter as altas taxas de juros é inaceitável
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), manteve em 13,75% ao ano a taxa básica de juros. Era uma decisão já esperada, apesar das críticas que o BC vem recebendo, do governo, do setor produtivo e de movimentos sociais e sindicais, pelo nível dos juros no país. No informe publicado ao término da reunião, na noite de quarta-feira (3), o Copom afirma que permanecem “cenários de risco” para a inflação. A próxima reunião do colegiado será realizada em 20 e 21 de junho.
Em nota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) criticou a decisão do Copom. Para a entidade manter a taxa de juros nesse patamar é inexplicável e inaceitável.
Confira a nota da CUT sobre manutenção da taxa de juros
Posição de manter as altas taxas de juros é inaceitável
É inexplicável e inaceitável a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em reunião realizada nesta quarta-feira, de manter taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.
Governo e empresários do setor produtivo, as centrais sindicais e parlamentares têm feito forte e justa pressão pela redução da taxa Selic, mas o Banco Central abusa de seu forte atrelamento ao sistema especulativo e financeiro e insiste em boicotar as iniciativas governamentais para criar condições para o consumo voltar a crescer e as empresas terem créditos mais baratos para produzirem mais, empregarem mais e fazerem a economia voltar a crescer.
Ao manter as mais altas taxas de juros do mundo, o BC continua a boicotar o governo, a impedir a retomada do crescimento e a geração de emprego e renda. E faz isto para beneficiar especuladores e rentistas, em detrimento de quem investe na produção e na prestação de serviços.
Como forma de aliviar as altíssimas taxas de juros, o governo reduziu as taxas de juros para empréstimo consignado de 2,14% ao mês para 1,97%. No consignado que utiliza o cartão de crédito, o teto passou de 3,06% para 2,62%. Estas iniciativas não são levadas em conta pelo Copom que segue com seu boicote aberto ao governo, a todos e todas que trabalham e lutam por uma robusta retomada das atividades econômicas e ao povo brasileiro que sofre as consequências.
A manutenção das mais altas taxas de juros do planeta terra se constitui em um ato irresponsável e de claro boicote ao esforço governamental e empresarial, mas principalmente às lutas e reivindicações das organizações sindicais. Irresponsabilidade que explicita o erro de conferir autonomia a um Banco Central, cujo presidente é fiel ao governo anterior, que aposta no fracasso do atual governo, e inimigo do povo brasileiro.
Que autonomia é essa de um órgão governamental essencial no controle e na indução macroeconômica continuar nas mãos do governo derrotado, que afundou o Brasil? Altas taxas de juros que são as principais responsáveis pelo endividamento das famílias; que impedem uma forte retomada do consumo; que boicotam o esforço do governo em reunir recursos para fazer os investimentos necessários para a retomada das atividades econômicas.
É criminosa a postura do Banco Central de manter a taxa Selic nas alturas. É preciso ajustar a meta inflacionária e reduzir imediatamente as taxas de juros, sem o que o esforço governamental e empresarial se reduz a enxugar gelo. É preciso reduzir as taxas de juros. É preciso por um fim a este declarado boicote do BC à retomada das atividades econômicas. Tudo para prejudicar o governo, quem investe na produção de mercadorias e quem deseja retomar suas atividades comerciais e serviços. Tudo para continuar favorecendo meia dúzia de especuladores e rentistas em detrimento do povo trabalhador.
A Central Única dos Trabalhadores manifesta seu mais veemente repúdio a esta postura inaceitável do Copom e conclama a todas as organizações da sociedade brasileira, aos poderes constituídos, ao parlamento e ao Poder Judiciário para que não se calem diante de um crime de alcance tão drástico sobre a economia e a classe trabalhadora brasileira.
Somos fortes. Somos CUT.
São Paulo, 04 de maio de 2023
Direção Nacional da CUT
Fonte: CUT Nacional