Pacote Para Salvar Emprego
Preocupado com o impacto da crise, o governo federal prepara medidas para conter demissões. O objetivo é evitar que o agravamento do mercado de trabalho se torne uma tendência ao longo do ano. As propostas ainda não estão fechadas, mas algumas delas devem ser anunciadas na próxima semana.Ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que esboçou duas propostas (a terceira já está em estudo):
1O compromisso de manutenção de empregos por parte de empresas que tiveram financiamento com dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – leia-se Caixa Econômica Federal – e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) – no caso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
2 Punir com a suspensão do crédito nos bancos oficiais a empresa que se beneficiar de ações do governo e ainda demitir empregados.
3 Aumentar para até 10 o número de parcelas do seguro-desemprego. Hoje, varia de três a cinco.
No encontro de manhã, numa reunião com outros ministros, Lula disse que o primeiro trimestre será balizador para ver qual deve ser a real sequela da crise no país.
– Seria ilusão achar que não ia haver demissões. A crise vem de fora para dentro, e as coisas não têm sido feitas só a partir de Brasília, o presidente tem conversado com empresários de todo o país e de todos os setores. Esses três meses darão um norte para o cenário da economia em 2009, e não se pode errar nas medidas – afirmou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, presente ao encontro.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre, a perspectiva é de redução no ritmo de criação das vagas ou até queda no nível de emprego no primeiro trimestre, segundo o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) André Luiz Leite Chaves:
– O maior ou menor impacto (sobre o nível de emprego) vai depender das medidas que o país vai adotar.
Antes de se reunir com Lula, Lupi recebeu a União Geral dos Trabalhadores, que levou propostas para interromper o ritmo das demissões. Entre as quais a exigência de que as empresas que receberem dinheiro ou benefícios públicos sejam obrigadas a garantir contratualmente os empregos. Lupi disse que ainda não há uma decisão sobre como isso pode ser feito, mas voltou a defender a exigência de contrapartidas sociais dos empresários.
Ocupação na indústria tem maior queda em cinco anos
Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o emprego na indústria caiu 0,6% em novembro ante outubro, a maior queda desde outubro de 2003, além de recuo na renda (confira quadro abaixo). Para o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, o resultado não foi surpresa:
– Já tínhamos sentido na prática os efeitos e, em janeiro, será ainda pior.
Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), insistiu na defesa da flexibilização dos direitos trabalhistas e rejeita a exigência de manutenção dos empregos. Mas um item une empresários e sindicatos (e boa parte do próprio governo) neste momento: é a cobrança de redução da taxa básica de juro por parte do Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana.
Fonte: Zero Hora