Oit Defende Flexibilização No Trabalho

Governos não devem ter uma posição ideológica sobre a questão da flexibilidade no mercado de trabalho. A avaliação é do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, que argumenta que o mundo poderá levar até oito anos apenas para recuperar as mesmas taxas de emprego que existiam antes da recessão. "Não podemos declarar vitória muito cedo apenas porque alguns dados mostram um pequeno crescimento."

Hoje, a OIT abre sua conferência internacional sobre a crise no trabalho, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A delegação brasileira revelou que o discurso de Lula será o de defesa dos direitos dos trabalhadores e contra qualquer tentativa de flexibilização das condições e benefícios do trabalho.

O governo avalia até mesmo ratificar uma convenção da OIT que dificultaria demissões. "Não há condições sequer de falar em redução dos direitos dos trabalhadores", afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Somavia alerta que a decisão de adotar ou rejeitar medidas de flexibilização no trabalho não deve ser um objetivo ideológico. "A flexibilização é um instrumento. Depende do país e do setor", disse.

O diretor da OIT lembra que os países nórdicos estão os principais defensores de medidas de flexibilização no mundo do trabalho. "Quando olhamos para quais são os países mais competitivos do mundo, vemos que são os países nórdicos. Se a flexibilização fosse ruim, não seriam os mais competitivos", disse. "Mas cada país deve adotar esse instrumento se achar que pode funcionar", salientou. Ele não nega que, em uma crise, adaptações sejam necessárias.

Somavia admite que o governo de Lula no Brasil "teria sido de crescimento, em condições normais". "O maior problema dessa crise é que países que estavam funcionando bem, de repente, foram afetados", afirmou. O diretor da OIT ainda lembrou que países que basearam seu crescimento apenas na exportação viram que isso não funcionaria. "Precisa haver um equilíbrio entre o crescimento doméstico e as exportações."

Ele acredita que o Brasil deve escolher entre uma série de políticas para poder superar a recessão. Mas insistiu que, em qualquer delas, seria necessário o diálogo social. Outro alerta de Somavia é quanto à tendência do mercado de "começar a abrir champanha" diante da estabilização relativa dos mercados. "Para muitos, a economia pode até ter chegado ao fundo do poço. Mas para vários outros, a questão é que não há como sair de lá", alertou.

Somavia insiste que está na hora de as políticas governamentais de socorro aos setores mais afetados pela crise serem reposicionadas para gerar empregos. Para Somavia, se os governos deixarem a situação como está e não tomarem medidas concretas para a geração de empregos, quase uma década poderá se passar até que as taxas de desemprego voltem às de 2008.

"Entre 39 e 59 milhões de pessoas podem perder seus trabalhos entre 2007 e o final de 2009. Para recuperar isso, precisaríamos entre seis e oito anos para retornar a taxas que sequer eram tão boas", afirmou. Para ele, apenas dinheiro público não dará uma resposta à crise do desemprego. Ele também alerta que o corte de impostos também não basta. A classe média pouparia, enquanto aos mais pobres a redução não faria
diferença.


Fonte: AE

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