Nos 161 anos da Caixa, ato em Porto Alegre alerta que futuro do banco está em disputa

CUT-RS
Nos 161 anos da Caixa, ato em Porto Alegre alerta que futuro do banco está em disputa

Em ato simbólico realizado ao meio-dia de quarta-feira (12), em frente à agência da Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, bancários e demais trabalhadores celebraram o aniversário de 161 anos da Caixa Econômica Federal, reforçaram a resistência e a luta em defesa da instituição e alertaram a sociedade de que o futuro do banco público estará em disputa nas eleições deste ano.

A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Fetrafi-RS, com apoio da CUT-RS. Também participaram dirigentes da CTB-RS e de sindicatos de outras categorias e associações.

Não faltou música ao vivo nem balões e o canto de parabéns, mas o tradicional bolo de aniversário foi apenas cenográfico devido à pandemia. Em substituição, houve uma ação solidária com a arrecadação de alimentos não perecíveis, que serão doados ao projeto "CUT com a Comunidade" para distribuição a famílias vulneráveis na periferia da capital gaúcha.

Teve ainda distribuição de uma carta aberta à população, assinada pelo SindBancários, Fetrafi-RS, Contraf-CUT e Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), explicando que "Caixa social é Caixa pública".

Trabalhadores não abrem mão da Caixa pública

Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, “a Caixa é um grande instrumento de políticas públicas no Brasil. Seja em moradia, saneamento e investimentos” Ele destacou que esses programas sociais “beneficiam o povo brasileiro, o povo mais humilde, o pobre e os pequenos e médios empresários”.

“Esse instrumento não pode ser objeto da cobiça do mercado financeiro e dos governos de plantão, que querem entregar o patrimônio público. A Caixa é nossa”, defendeu Amarildo.

Ele também enfatizou a importância de disputa eleitoral que se aproxima. “Não é verdade que as empresas, aparelhos e instituições públicas sobrevivem em diferentes governos. Tem governos que não querem bancos públicos como é a Caixa. Nós, trabalhadores, não abrimos mão da Caixa e de tudo o que ela representa para as políticas públicas”, salientou.

Segundo Amarildo, “não é o Itaú, nem é o Bradesco e não serão os demais agentes do mercado financeiro que vão implementar políticas públicas. Vamos juntos construir um Brasil com mais direitos neste ano e nós precisamos de um novo governo com a Caixa pública e fortalecida”.

Governo Bolsonaro está atacando empresas públicas

O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, apontou os riscos que a Caixa está correndo. “Nós sabemos que o governo Bolsonaro está atacando as empresas públicas, como a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios, a Eletrobras, o BNDES, a Caixa e está querendo privatizar”, denunciou.

“Por isso, temos que mostrar para a população a importância desse banco público, por onde passam todos os programas sociais do governo federal. Nós precisamos manter a Caixa pública, a serviço do povo brasileiro”, ressaltou Gimenis, que é também diretor do SindBancários. “Não serão nem o Santander ou o Itaú que farão a gestão dos programas sociais, pois a eles só importa o lucro.”

Caixa é instrumento de políticas públicas

O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, destacou que os bancos públicos têm um papel fundamental em todas as crises, como foi o caso da Caixa na pandemia, e agora não será diferente diante do avanço da variante ômicron do coronavírus.

“São 161 anos em que a Caixa trabalha em prol de uma economia com sistema de distribuição de renda e de serviços sociais igualitários para a população. Seja na época do império, da ditadura militar ou de governos democráticos, a Caixa sempre foi utilizada como um instrumento fundamental de promoção de políticas públicas e assim deve continuar, sempre de mãos dadas com o povo e nunca a serviço dos rentistas”, enfatizou Luciano.

O diretor financeiro do SindBancários, Tiago Pedroso Vasconcellos, destacou o compromisso social da Caixa. “Queremos denunciar o que estão fazendo com o banco social do povo brasileiro. O que Bolsonaro e seus capangas querem é colocar um banco que historicamente tem compromisso com os mais pobres de joelhos para a elite nacional e internacional. Se depender das pessoas que estão aqui e, tenho certeza, dos cidadãos da nossa nação, isso será evitado”, avisou.

Disputar o futuro da Caixa

A diretora do SindBancários e da Fetrafi-RS, Caroline Heidner, enfatizou o papel da Caixa e frisou que o futuro da instituição está em disputa. “Celebramos aqui a luta dos empregados, da sociedade brasileira, na manutenção desse importante patrimônio do povo que, se é tão atacado, é porque eles querem entregar para o mercado.”

“Apesar das metas abusivas, do perigo da Covid-19 e do assédio moral, lutamos todos os dias para fazer deste banco um exemplo de compromisso com o desenvolvimento econômico e social”, observou Carol, que estava usando um vestido vermelho em protesto ao atual presidente da Caixa, o bolsonarista Pedro Guimarães, que tem proibido o uso de roupas vermelhas nas agências que visita.

Segundo a dirigente sindical, “nós estamos na resistência, desde os primeiros ventos neoliberais, na década de 90, e vamos seguir resistindo. Este ano de 2022, um ano eleitoral, um ano de disputa acirrada, uma disputa histórica neste país, é de extrema importância. Nós vamos discutir, debater e disputar o futuro da Caixa”.

O diretor do SindBancários, Jailson Prodes, frisou que “a Caixa faz parte da história do povo brasileiro e tem larga atuação para o crescimento econômico e social do Brasil. Hoje ela sofre risco de privatização e de cair nas mãos de investidores estrangeiros que chegam ao país, não só para espoliá-lo, mas principalmente para tirar todo proveito das economias do povo brasileiro. São verdadeiros sanguessugas que se valem da força de trabalho dos brasileiros e brasileiras para levar nossas riquezas para o estrangeiro”.


Caixa não pode ser entregue aos abutres do mercado financeiro

O diretor do SindBancários, Guaracy Padilha, lembrou que “são 161 anos de um banco que precisa continuar público e social. Por isso, contamos com a participação de toda as pessoas, para que o nosso banco social não seja entregue aos abutres do mercado financeiro, que colocam o lucro acima dos interesses da população, como habitação e saneamento”.

Para o diretor da Fetrafi-RS, Edson Ramos da Rocha, "a Caixa tem que ser 100% pública" para seguir levando os programas sociais para todos os cantos do país. Ele lembrou que "na pandemia foi a Caixa que abraçou toda a população", atendendo as pessoas que mais precisavam.de auxílio.

Combater o desmonte e o fatiamento da Caixa

A diretora da Associação do Pessoal da Caixa do Rio Grande do Sul (Apcef-RS), Michele Venzo, também criticou o desmonte que o banco enfrenta. “Estão fazendo o fatiamento aos poucos, de forma que o povo não perceba. Querem que, no futuro, a Caixa dê lucro para acionistas e deixe de lado o seu papel social. Mas o que queremos para os próximos anos é que o nosso banco continue a atender a população. Este governo vai passar e a Caixa vai voltar a ser do povo e para o povo”, apontou.

Houve ainda manifestações do vice-presidente do CPERS e dirigente da CTB-RS, Alex Seratti, da presidente eleita do Sindipetro-RS, Miriam Cabrera, do dirigente da Associação Nacional dos Participantes de Fundo de Pensão (Anapar), José Joaquim Marchisio, e do representante do Comitê Municipal contra a privatização do Dmae, Adelto Rohr.



Fonte: CUT-RS com SindBancários

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