Mirando 2025, diretores da CNM/CUT avaliam e propõem ações em defesa da categoria
A CNM/CUT realizou nesta terça-feira (17) e quarta-feira (18) a última Reunião do Conselho Diretivo da entidade neste ano. O encontro, que ocorreu na sede da CUT Nacional, em São Paulo (SP), e foi transmitido também por meio da plataforma virtual Zoom, fez um balanço das atividades da Confederação em 2024 e traçou perspectivas e estratégias para a atuação política em 2025.
Na abertura do encontro, o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, destacou a importância de fazer uma conversa sobre o que a entidade realizou neste ano e pensar no que será trabalhado em 2025. Ele recordou as ações desenvolvidas pela Confederação em 2024, como os debates nos coletivos, as negociações nos segmentos industriais, as conversas com diversos entes de governo sobre a política industrial do país, entre outros temas.
“Estamos produzindo muito trabalho, sendo protagonistas. Trouxemos, por exemplo, o debate da redução da jornada de trabalho para dentro da CUT, colocamos o ‘pé na porta’ do governo em Brasília, entramos no debate das máquinas agrícolas e estamos ativos nos debates dos segmentos naval e automotivo no país”, pontuou Loricardo.
O dirigente afirmou que no ano que vem vai trabalhar para que a Confederação possa preparar uma série de projetos de lei e levar às Câmaras de vereadores, assembleias legislativas e à Câmara dos Deputados e o Senado, defendendo a pauta da categoria junto aos espaços de poder. “Temos que apresentar a proposta a deputados e senadores, para lá e também mobilizar a nossa base nas fábricas para fazer com que essas propostas virem lei”.
Análises de conjuntura
Após a fala de Loricardo, foi realizada uma análise da conjuntura política nacional e internacional aos participantes. No âmbito nacional, a professora Maria Carlotto, socióloga e docente da UFABC fez uma análise do cenário político nacional desde a última eleição presidencial em 2022, até as eleições municipais realizadas em 2024, para ilustrar o atual momento do governo Lula e os desafios do campo político progressista.
Carlotto avalia o cenário político atual como muito difícil para a esquerda e acredita que se não houver mudanças significativas a situação pode piorar muito para o governo federal nos próximos anos. Ela não vê problemas na estratégia política do governo Lula em construir uma frente ampla política na formação do governo, incluindo setores do centro e da direita na constituição do governo, mas enxerga uma desmobilização dos setores populares na defesa do governo, o que enfraquece a esquerda na luta contra a extrema direita.
“Hoje nós temos um governo de baixo perfil, que escolheu não fazer enfrentamentos políticos diretos em várias questões importantes e acaba por contemporizar no momento em que poderia marcar posição. Temos que identificar e mobilizar a nossa base social hoje para enfrentar a extrema direita, que está muito mobilizada”, disse a socióloga.
Já no âmbito internacional, a professora Jana Silverman, docente no Programa de Relações Internacionais da UFABC e secretária-geral da Associação de Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUFABC), abordou o futuro do trabalho no Brasil e no mundo, mostrando os desafios que as relações trabalhistas enfrentam com os novos modelos de produção e tecnologia, além das mudanças geopolíticas no planeta.
Silverman afirma que é importante o movimento sindical acolher os trabalhadores que hoje procuram oportunidades de trabalho e emprego movidos pelo ideal do empreendedorismo e que isso é um movimento mundial, não só no Brasil.
“Esses trabalhadores, quando procuram o empreendedorismo, fazem uma escolha consciente dentro das condições que são apresentadas a eles. Não podemos tratá-los como alienados ou inimigos”, alerta Silverman.
A professora defende que o fortalecimento da integração dos países sul-americanos pode ser uma saída para o Brasil voltar a ter protagonismo mundial e enxerga a eleição de presidentes de esquerda no continente como uma segunda “onda rosa”, dando um novo impulso para a esquerda no continente.
Segundo dia: China, atuação em 2024 e perspectiva para 2025
Na manhã de quarta-feira, os dirigentes participaram da palestra "China 2025-2035: impactos em empregos e salários na indústria metalúrgica no Brasil", ministrada por Milton Pomar, consultor para as relações Brasil-China, escritor e palestrante.
Pomar trouxe uma apresentação com dados que mostram como a China deu um salto econômico e social nos últimos 40 anos, passando a ser uma potência mundial a partir do investimento maciço em infraestrutura, do planejamento estratégico como política de estado e mostrou também as vantagens e problemas que a relação do Brasil com o país asiático, hoje nosso maior parceiro comercial, traz principalmente no setor industrial.
Após a fala do palestrante, os dirigentes fizeram uma avaliação da atuação da CNM/CUT em 2024, aborda as ações da entidade no ano, relacionando os temas com as questões apresentadas nas análises de conjuntura e palestra sobre a China, e traçando as perspectivas para o ano de 2025.
Foi iniciada também a discussão para a montagem do calendário das plenárias estaduais e da Plenária Estatutária da CNM/CUT, que têm previsão para início no primeiro semestre do próximo ano.
Fonte: CNM/CUT