Máquinas Agrícolas: Multinacional Agco Duplicará Fábrica No Sul
A unidade da Sfil, fabricante de implementos agrícolas, em Ibirubá, RS, e adquirida pela AGCO no ano passado, terá tanto área construída quanto capacidade de produção duplicada em oito meses. O investimento aplicado será da ordem de US$ 10 milhões e está dentro do total previsto para o triênio 2008/2010, de US$ 150 milhões.Segundo André Carioba, vice-presidente sênior da AGCO para América do Sul, a fábrica já trabalha com sua capacidade produtiva no limite. Em 2008 deverão sair da linha de montagem gaúcha mais de 2,5 mil implementos, como perfuradores, plantadeiras e pás carregadeiras. Com a ampliação, a capacidade da fábrica deve alcançar de 4,5 mil até 5 mil unidades/ano.
Somada à expansão da produção, a unidade passará por modernização, com o leiaute rearranjado. A respeito de novos empregos o executivo não soube precisar a quantidade.
As outras unidades da AGCO no Brasil manterão os programas de melhoria na produtividade, mas sem investimentos significativos, pois segundo Carioba ainda há flexibilidade da manufatura.
No ano passado a fábrica da Valtra, em Mogi das Cruzes, SP, ganhou o segundo turno de produção e pelos próximos anos receberá aportes destinados ao aperfeiçoamento dos processos produtivos. Em 2008 a unidade recebeu US$ 6 milhões a mais do que foi projetado para o ano por conta da necessidade de avançar no programa de modernização.
Com a expansão da agricultura brasileira, em muito beneficiada pelo cultivo de cana-de-açúcar, a AGCO acredita que as vendas de máquinas agrícolas em 2009 poderão ser pelo menos similar às de 2008.
Segundo projeções da empresa o mercado de tratores neste ano deve ser alcançar cerca de 42 mil unidades, das quais 55% serão vendas da AGCO.
Os planos da companhia em construir fábrica no Mato Grosso estão engavetados, pelo menos temporariamente. De acordo com Carioba o projeto será retomado somente quando a unidade de Canoas operar com sua capacidade total.
Crise - Embora não acredite em fortes reflexos negativos na agricultura brasileira em por conta da crise financeira mundial, Carioba queixa-se da demora para que dinheiro liberado pelo governo federal chegue na mão do produtor: "o agricultor não pode perder tanto tempo na espera do financiamento".
O executivo, no entanto, reconhece que o fator crédito para o setor agrícola no Brasil não é apenas problema de escassez, mas também de uma questão de organização dos produtores em honrar seus compromissos e do governo, que tem de cobrar as dívidas que já foram parceladas diversas vezes.
AGCO apura faturamento recorde
Com o aumento das áreas cultiváveis na América do Sul, principalmente alavancado pelo cultivo de cana-de-açúcar no Brasil, a região vem contribuindo para ampliar sua participação nos negócios da AGCO, fabricante de máquinas agrícolas e dona das marcas Massey Fergunson, Valtra, Challenger e Sfil.
Em 2007 o grupo faturou US$ 6,8 bilhões, 26% acima do registrado no ano anterior, cerca de 16% foram gerados com as vendas na América do Sul. Neste ano, porém, a receita será recorde. De janeiro a setembro o faturamento já soma US$ 6,3 bilhões, dos quais 19% foram gerados com as vendas na região, que cresceram 36% sobre o mesmo período do ano passado. Para 2008 a projeção da empresa é faturar US$ 9 bilhões.
Com este cenário no horizonte, Martin Richenhagen, presidente mundial da AGCO, acredita que o Brasil tem o maior potencial de crescimento não apenas no continente mas no mundo: "A liderança no desenvolvimento de motores flex e na produção de etanol coloca o Brasil em posição privilegiada".
Segundo o executivo, aliado a isso está o fato da dieta da população mundial, principalmente na Ásia e na Índia, se encontrar em mudança, o que deve beneficiar os produtos brasileiros para exportação.
Em 2007, 19% da produção agrícola brasileira seguiu para a China e 36% para os Estados Unidos. Do total produzido pela marca Massey Ferguson nas fábricas gaúchas de Canoas e de Santa Rosa, 43% são destinados a exportação, e da Valtra, em Mogi das Cruzes, SP, 15% seguem para outros mercados.
De acordo com as projeções do grupo o plantio de produtos usados na produção do biodiesel deve quintuplicar até 2020 e contribuir significativamente para o crescimento do mercado de máquinas na região, considerando apenas as usinas que se encontram em funcionamento.
O grupo não acredita que a agricultura tenha sofrido com a crise financeira mundial e, por isso, mantém sua projeção de crescer 15% ao ano pelos próximos dez anos.
Para Richenhagen a crise se apresenta também como uma grande oportunidade para a produção agrícola brasileira. "Empresas do setor agrícola dos Estados Unidos enxergam o Brasil como uma ótima opção para investir."
Tecnologia - Dentro da estratégia de ampliar as vendas no Brasil, a AGCO está em fase final do desenvolvimento de duas máquinas específicas para a agricultura nacional. Uma delas, em estágio de protótipo, é uma colheitadeira para cana-de-açúcar com lançamento previsto para 2010.
Também no mesmo ano a AGCO deve apresentar ao mercado brasileiro um novo pulverizador. Ambas as máquinas serão produzidas no País, provavelmente na unidade de Canoas, RS.
Outra novidade que a empresa deve apresentar em breve é focada também na produção do etanol. Em parceria com a Delphi e a MWM International, a AGCO está desenvolvendo uma máquina movida a 60% de etanol e 40% diesel.
Fonte: Fonte: Autodata