Mantega diz que IPI reduzido acaba em 2013; fim do benefício deve ser gradual

O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse nesta quarta-feira (19) que as reduções temporárias de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) adotadas neste ano para estimular o consumo serão revertidas em 2013. A mudança, no entanto, deve ser gradual e o benefício só deve ser eliminado no final do primeiro semestre de 2013, mostra reportagem da Folha de hoje.

Governo deve prorrogar mais uma vez o IPI reduzido para veículos

Esta será a terceira prorrogação do benefício tributário para veículos desde seu anúncio, em 21 de maio. A primeira foi em agosto, a segunda em outubro e o prazo final seria dezembro.

O governo também avalia a prorrogação do benefício para a linha branca, que reduziu a cobrança de IPI de produtos como máquinas de lavar, fogão e geladeira.

Mantega anunciou também que o governo fará desonerações de R$ 40 bilhões no próximo ano, valor que inclui medidas já anunciadas, como desoneração da folha de pagamento de vários setores. A grande maioria desses cortes de tributos será permanente. Em 2012, houve redução de R$ 45 bilhões em tributos, valor que inclui desonerações temporárias e definitivas.

"Nós vamos fazer novas desonerações em 2013. E não estou falando de IPI, porque nós vamos recompor o IPI...A redução dos tributos está apenas começando e ela vai avançar", disse Mantega, durante café da manhã com jornalistas.

Mantega detalhará essas medidas em coletiva no fim do dia. A intenção do governo é modificar a cobrança do PIS/Cofins, criando créditos tributários.

O secretário-executivo do Fazenda, Nelson Barbosa, confirmou que o ministério já enviou ao Congresso solicitação para incluir no Orçamento de 2013 a renúncia fiscal necessária para essa mudança. Segundo reportagem do "Valor", a medida significará menos R$ 9,796 bilhões em arrecadação.

O ministro também vai explicar como será a recomposição dos descontos de IPI concedidos neste ano para estimular consumo de eletrodomésticos e carros. Além disso, vai anunciar novos setores que terão desoneração na folha de pagamento.

DEFESA

Após um ano ruim para a economia, em que a equipe da Fazenda foi alvo de muitas críticas, Mantega fez uma defesa do seu trabalho.

O ministro disse que se sente "realizado" por ter implementando reformas profundas na economia. Findo um ano de crescimento fraco, ele comemorou a baixa taxa de desemprego, que está no seu menor nível históricos, e a continuidade da melhora da distribuição de renda.

"Eu não acredito que a população esteja triste. As pesquisas de avaliação do governo estão altas", afirmou.

"Desde que eu sou ministro, de 2006 a 2011, a economia cresceu em média 4,2%. É o maior crescimento das últimas décadas, e com uma crise violenta no caminho", acrescentou. Neste ano, a economia deve crescer apenas 1%.

O ministro rebateu as críticas de que a maioria das ações do governo são pontuais. Ele disse que a o governos "fez uma revolução" ao reduzir os juros, cortar impostos e diminuir a taxa de juros.

"Isso é um paraíso para a produção", disse.

Segundo Mantega, a crise retardou os efeitos das medidas de estímulos. Mas, segundo ele, os investimento vão deslanchar no próximo ano.

"Fizemos o diabo para estimular os investimentos. Nem se eu saísse pintado de verde na praça dos Três Poderes, os investimentos subiriam [neste ano de crise]", afirmou.

LUCRO FÁCIL

Após um ano em que o governo incomodou o empresariado com medidas que reduziram as margens de lucro, Mantega disse que "acabou o período do lucro fácil, sem risco".

Em 2012, o governo forçou os bancos privados a reduzirem os "spreads" (diferença entre custo de captação e juros cobrados dos clientes) por meio de uma queda agressiva das taxas dos bancos públicos. Além disso, fez uma plano de redução das tarifas de energia que vai diminuir os ganhos de empresas que renovarem suas concessões.

A queda da taxa básica de juros (Selic) também diminuiu os ganhos das aplicações financeiras, lembrou Mantega

"Agora que o capitalismo verdadeiro está sendo implementado no Brasil. Quero ver ganhar dinheiro com ousadia. suando a camisa. Capitalismo é uma economia de risco", afirmou.

"Não há limitação do lucro. O mais eficiente tem lucro maior, acrescentou.

EUROPA, CHINA E EUA

Mantega vê perspectivas positivas para a retomada da economia nos EUA e na China, mas está pessimista com a Europa

"Não espero notícia positiva da Europa", disse Mantega.

Ele observou que a projeção do banco central alemão para o crescimento do país, principal motor do velho continente, é de apenas 0,7% neste ano e de 0,4% no ano que vem.

"A probabilidade de estresse diminuiu, a aversão a risco deve ficar estável, mas não esperamos estímulo ao crescimento [do Brasil] vindo de lá", observou.

Mantega não deu uma previsão exata para o crescimento do PIB brasileiro em 2013. Ele afirmou que existe a possibilidade de crescer 4,5%, mas ressaltou que 4% é um "bom número".


Fonte: UOL

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