Maioria dos setores da indústria opera com ociosidade acima da média
Produção de máquinas, metalurgia, automóveis e indústria química lideram na subutilização. Segmentos farmacêutico e de papel e celulose foram os únicos que avançaram no uso da capacidade instalada
De 15 segmentos que compõem a indústria de transformação, no Brasil, 12 operam com capacidade de produção abaixo da média histórica no primeiro trimestre de 2019. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), apenas os setores farmacêutico e de papel e celulose estão com níveis elevados de utilização da capacidade instalada, enquanto a indústria do vestuário manteve-se na média. Nos demais, o nível de ociosidade é considerado alarmante.
Para todo o setor, o nível de utilização registrado pelo levantamento publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira (22) foi de 74,6%, enquanto a média histórica é de 81%. Com níveis elevados de ociosidade, os setores da indústria atrasam planos de investimento, o que dificulta a criação de vagas de emprego, comprometendo eventual retomada do crescimento.
Utilizando apenas 63,8% da capacidade instalada, o segmento de máquinas é o que opera com o maior nível de ociosidade, bem abaixo da média histórica, que é de 79,8%. Com 77,8% de utilização, a metalurgia também ficou 10,5 pontos abaixo da média histórica, de 86,3%. A indústria automobilística é outro destaque negativo, operando com 71,4% da capacidade, enquanto historicamente utiliza 80,1%. Já a indústria química utilizou 74,4%, também abaixo da média histórica, de 80,4%.
Puxado pelas exportações, o setor de papel e celulose operou com 91,2% da capacidade, pouco acima da média, que é de 90,5%. Já o setor farmacêutico, que tem o consumo pouco afetado pelas flutuações da economia, ficou com 81,8%, acima dos 76,9% da média do setor. Vestuário ficou com 89,4%, levemente acima da média histórica, de 88,2%.
Pibinho
Após período curto de recuperação, em 2017, o setor industrial está "andando de lado", desde meados do ano passado, segundo o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. A entidade reduziu de 3,3% para 1,1% a projeção para o crescimento do PIB do setor.
Reportagem da Folha de S. Paulo também mostra que as principais projeções para a economia em 2019 estão sendo revistas para baixo. O Banco Central, por exemplo, que até junho do ano passado apostava em 3% de crescimento para 2019, agora prevê 1,95%. Ainda menos otimista, o Itaú Unibanco revisou suas projeções de crescimento de 2% para 1,3%.
A alta do desemprego, somada a incertezas políticas e econômicas criadas pelo governo, como a indefinição em relação ao preço dos combustíveis, tem colaborado para projeções de de crescimento "medíocre" ou "frustrante", segundo a reportagem. "Qualquer crescimento mais próximo de 1% representa um ano perdido e traz uma sensação muito próxima ao de uma parada súbita", afirma a pesquisadora do Ibre-FGV Silvia Matos.
Fonte: Rede Brasil Atual