Lula: Meta Do Governo é Manter Expansão Em Meio à Crise
Sem anunciar novas medidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que a meta do governo brasileiro é manter o crescimento da economia em meio à turbulência da crise financeira internacional.Em discurso de abertura da reunião, Lula criticou o protecionismo e pediu maior empenho de dirigentes de outros países para restabelecer o crédito no mercado internacional. Ele disse que instituições federais de crédito do País aumentaram os volumes para o financiamento.
Dados apresentados pelo presidente mostram que a Caixa Econômica Federal, nos dois primeiros meses deste ano, disponibilizou um total de crédito de R$ 1,9 bilhão e, no mesmo período do ano passado, o valor foi de cerca de R$ 1 bilhão.
Lula ressaltou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em seu governo, voltou a ser um banco direcionado para o desenvolvimento. Para 2009, de acordo com ele, o banco de fomento disponibilizará R$ 100 bilhões para garantir o crédito para o capital de giro das empresas que estão fazendo investimentos em infraestrutura. O presidente aproveitou também para pedir mudanças no sistema financeiro internacional.
— Devemos ter bem claro que não podemos passar do vale-tudo do mercado financeiro para o vale-tudo do protecionismo — disse.
Lula voltou a defender a regulação do sistema financeiro internacional e dos paraísos fiscais.
— Temos não apenas de regular o sistema financeiro e os paraísos fiscais, mas estabelecer o crédito no planeta, porque sem crédito, a economia não funciona.
Em seguida Lula atacou, sem citar nomes, empresas que fizeram apostas no mercado especulativo:
— Lamentavelmente muitos quiseram ganhar mais do que deveriam ganhar e aplicaram no derivativo e quebraram a cara. Não produziram uma única folha de papel. Temos de aprender esta lição.
Estado
A uma plateia formada por empresários, ministros e economistas do exterior convidados pelo governo, Lula disse que a teoria do Estado mínimo e do Estado como estorvo ao desenvolvimento não se confirmou.
— Eu estou convencido de que a saída para esta crise só acontecerá se os governantes do mundo assumirem o papel de governantes de seus países — disse. — Houve, nas últimas duas décadas, quase uma apatia. As pessoas eram eleitas sob a égide de que o Estado não valia nada e tudo seria feito pelo mercado. Era preciso diminuir e enxugar o Estado, porque o Estado atrapalhava o crescimento — completou.
Segundo o presidente, o "Manifesto Comunista", de Karl Max e Friedrich Engels, já dava a receita para saída de crises como esta.
— Agora é hora da gente aproveitar a crise e fazer o que não tivemos coragem de fazer nos últimos 20 anos — afirmou.
Ele aproveitou o discurso para fazer uma defesa da política social do seu governo. Ele disse que programas como o Bolsa-Família e Luz para todos, entre outros, contribuíram para o aumento, no mercado interno, do poder aquisitivo das classes mais pobres da população.
— Vocês vão perceber que foi possível ajudar os pobres e fazer os ricos ganharem dinheiro — completou.
Dirigindo-se aos empresários, Lula disse que não era para eles pedirem ao governo incentivo para a redução de salário para os trabalhadores.
— Não me peçam para que os trabalhadores paguem outra vez com o arrocho de salário. A gente não pode diminuir salário — ressaltou.
Orçamento
Embora o governo tenha anunciado um corte, ainda provisório de R$ 37,2 bilhões no Orçamento, o presidente Lula disse que contingenciamentos orçamentários não são solução para o fim da crise financeira.
— Muitos chegaram até a falar em choque de gestão. Mas aqui no Brasil, no nosso governo, nunca falamos em choque de gestão. E ainda assim, a dívida líquida do setor público caiu de 57% para 36% do PIB (Produto Interno Bruto) — afirmou.
Fonte: ZH