Indústria Teve Queda Em Novembro, Puxada Por Autos
SÃO PAULO - Os veículos automotores foram os protagonistas do recuo da produção industrial, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A fabricação do setor caiu 22,6% em novembro ante outubro, configurando a maior queda já anotada desde que o levantamento começou a ser realizado em 1991. Já na comparação com novembro de 2007, a queda registrada foi de 18,3%.Analistas acreditam que o recuo - que deverá se repetir nos indicadores de dezembro - não deve ocorrer neste mês devido à retomada das vendas de veículos durante o último mês de 2008 por conta das ações do governo. O tombo do número da produção do setor levou para baixo o indicador da produção industrial brasileira, que ficou 5,2% menor, a maior queda desde maio de 1995.
Apenas a produção de automóveis em novembro amargou queda de 34,2% em relação a igual período de 2007, demonstrando os impactos da restrição de crédito que incentivou a generalização das férias coletivas que se iniciaram com intensidade no mês de novembro e que, em alguns casos, já estão sendo estendidas para o início de 2009.
De acordo com o coordenador de Indústria do IBGE, Silvio Sales, a produção de veículos automotores representa mais da metade do segmento de bens de consumo duráveis, setor muito impactado pela restrição de crédito. "A queda da indústria automobilística também acaba atingindo outros setores, como de autopeças e aço, que são componentes dos veículos", explicou Sales.
Retomada
De acordo com o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, o recuo da produção industrial é comum em final de ano, mas a queda de 7,8% na produção industrial em outubro e novembro mostram os efeitos da crise financeira na economia real. Segundo o economista, a tendência é de retomada da produção em janeiro. "O setor de veículos automotores tendem a recuperar a produção por conta do aumento das vendas.
Ao longo de 2009 se prevê um pequeno crescimento ou estabilidade, mas não uma redução em relação a 2008", afirma. Por outro lado, de acordo com o coordenador de Indústria do IBGE, os dados da produção industrial de novembro mostram que "houve um aprofundamento da queda industrial e alargamento dos setores atingidos".
De acordo com ele, desde que 27 segmentos passaram a ser pesquisados na série com ajuste sazonal (ante mês anterior), em janeiro de 2002, nunca houve uma queda de tantas atividades na magnitude de novembro deste ano, quando 21 dos 27 subsetores registraram queda na produção.
Novos caminhos
A estratégia das montadoras para seguir confiante - em um ano em que a tendência é que o mercado não seja impulsionado pela euforia econômica - deverá ser os lançamentos para atrair novos consumidores e incentivar a continuidade do processo produtivo. Ao todo, as montadoras instaladas no Brasil apresentarão 43 novos lançamentos, contra os 38 anunciados em 2008. No final do ano passado, Thomas Schamall, presidente da Volkswagen do Brasil - companhia que terá 16 novos modelos em 2009 - afirmou que "só quem apresentar novidades vai crescer em 2009".
Também em dezembro, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou que os investimentos previstos até 2012 - aportes que elevariam a capacidade instalada do setor de 4 milhões de unidades produzidas anualmente para 6 milhões - estão mantidos pelos fabricantes. "Quem anunciou um investimento no meio deste ano apenas terá o resultado da fábrica em 2010. São investimentos a longo prazo", disse Schneider.
Fonte: Agência Estado