Indústria Tem Queda Recorde, Mas Autopeça Incia Retomada

SÃO PAULO - O lento retorno dos consumidores às concessionárias, devido principalmente à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), deve dar início à recuperação da produção da indústria automobilística em janeiro. A sinalização positiva já foi sentida pela Mueller, uma das maiores fabricantes de autopeças plásticas do País. De acordo com o presidente da companhia, Ricardo Max Jacob, a produção de janeiro já fechou com ampliação de 2% em relação a dezembro, mês em que a queda registrada pela companhia foi de 17%.

"Agora, aguardamos fevereiro mais baixo que janeiro, por conta do mês mais curto e um mês de março mais parecido com janeiro", afirmou o presidente da Mueller. Segundo o executivo, a melhora registrada em janeiro é motivo para comemoração. "Se as montadoras voltam a produzir, nós também voltamos", afirmou.

Em janeiro, as vendas de veículos demonstraram pequena recuperação em relação ao mês de dezembro, de 1,5%. De outro lado, a produção em dezembro foi fortemente marcado pela pisada no freio das montadoras, que cortaram 47,1% da produção de dezembro ante novembro. A volta da operação das montadoras deve ser confirmada na próxima segunda-feira com a divulgação dos números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

A freada também impactou de frente a produtora de máquinas-ferramenta, TM Bevo, cujo principal cliente também é o setor automotivo. No final do ano, a empresa registrou queda de 50% de novos pedidos. A empresa, que trabalha sob encomenda, ainda viu o faturamento retrair 40%. "Empresas grandes suspenderam investimentos e isso nos afetou", afirmou o diretor comercial da empresa, Evandro Orsi.

Retração

Foi exatamente o desempenho do setor automotivo que puxou a maior queda da produção industrial, na comparação mensal com ajuste sazonal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os indicadores divulgados ontem pelo instituto, a retração da produção atingiu 12,4% em dezembro em relação a novembro.

Em relação a dezembro de 2007, a queda anotada foi maior e registrou 14,5%, resultado também recorde. "Houve no mês um aprofundamento das taxas negativas", afirmou o analista da pesquisa do IBGE, André Macedo.

No último trimestre de 2008, o desempenho industrial acumulou queda de 9,4 %. Além do automotivo, outro setor que apresentou forte recuo foi a de máquinas e equipamentos (-19,2% ante novembro e -21,9% ante dezembro de 2007, incluindo eletrodomésticos de linha branca e bens de capital). Com a queda do último trimestre, a produção industria brasileira fechou o ano com crescimento de 3,1% em relação a 2007.

De acordo com Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a queda anotada em dezembro não pode ser considerada uma novidade. "Cerca de 40% do desempenho da indústria vinha do setor automotivo e de máquinas e equipamentos. Estava muito concentrada", afirmou o economista.

De acordo com Souza, o Iedi só aguarda melhora no quadro da produção a partir do segundo semestre do ano.

Outro indicador que aponta o tombo da produção foi o divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, o nível de utilização da capacidade instalada, caiu dos 81,4% em novembro para 80,2% em dezembro.

A lenta recuperação nas vendas de carros novos - que foi de 1,5%, em relação ao mês de dezembro devido à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) - deve iniciar a retomada da produção automobilística - e consequentemente de outros setores industriais - em janeiro. Seguindo a mesma linha, o governo reduziu ontem as tarifas de importação de 306 produtos, principalmente máquinas utilizadas na produção, sem similar nacional. Eles foram incluídos na lista de ex-tarifários, mecanismo que reduz a tarifa temporariamente pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). Do total incluído no regime, 301 são de bens de capital, cuja alíquota média passou de 14% para 2%, válida até 31 de dezembro de 2010.

A sinalização positiva no setor produtivo já foi sentida pela Mueller, uma das maiores fabricantes de autopeças plásticas do País. O presidente da companhia, Ricardo Max Jacob, disse ao DCI que a produção de janeiro já fechou com alta de 2% em relação a dezembro, mês em que a queda registrada foi de 17%. "Se as montadoras voltam a produzir, nós também voltamos", afirmou.

Segundo o IBGE, foi o desempenho do setor automotivo que puxou a maior queda da produção. A retração atingiu 12,4% em dezembro em relação a novembro e 14,5% em relação ao mesmo mês de 2007. Outro indicador que apontou queda foi o da CNI, onde o nível de utilização da capacidade instalada, caiu para 80,2% no último mês do ano. O faturamento caiu 16,2% no último trimestre de 2008, contra o anterior. Para o início de 2009, a CNI espera que os resultados não sejam tão ruins, mas os números serão negativos.

A mineradora Vale teve, em 2008, o primeiro recuo da produção de minério de ferro anual desde 1999, queda de 0,5% inferior ao anotado em 2007.




Fonte: DCI

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