Inadimplência cresce também entre trabalhadores de renda mais alta
Segundo informe de julho do SPC Brasil, são mais de 63 milhões de negativados, sendo 10,8% com ganho mensal acima de 10 salários mínimos. Professor da PUC afirma que bancos praticam "verdadeira agiotagem"
O aumento da taxa de inadimplência entre a população brasileira, constatado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) no mês de julho não se restringe à parcela mais pobre do Brasil. De acordo com a empresa, 10,8% dos trabalhadores que recebem mais de 10 salários mínimos mensais estão com problemas para zerar suas dívidas. A falta de educação financeira e de planejamento explicam, em parte, o alcance da inadimplência a faixas de renda mais alta, acentuada, segundo a economista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) Ione Amorim, pelo momento de crise econômica que atravessa o país.
Ainda assim, Ione afirma que esses fatores afetam, sobretudo, os mais pobres. "A concentração acaba acontecendo por esses outros fatores e pela falta de renda e desemprego", declara a analista ao Seu Jornal, da TVT, acrescentando que, em função desses desdobramento da crise, as pessoas acabam recorrendo ao "cheque especial" e ao cartão de crédito. "Essas duas linhas de crédito são as que têm as taxas de juros mais elevadas", critica a economista que vê a situação como uma forma de lucro do mercado financeiro.
Para o docente de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor, o setor financeiro do país pratica "verdadeira agiotagem", inadmissível em países desenvolvidos. "No caso brasileiro, o Banco Central e o Ministério da Fazenda, controlados por banqueiros, ninguém tem controle sobre o processo", contesta o professor, durante o 5° Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde, realizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), na terça-feira (28).
Fonte: Rede Brasil Atual