Governo Anuncia Criação De Cãmaras Setoriais Para Criar Medidas Contra Desemprego

O governo vai criar câmaras setoriais destinadas a apresentar medidas específicas para as áreas que mais têm desempregado trabalhadores. Esse foi um dos pontos discutidos ontem em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com representantes das centrais sindicais, no Palácio do Planalto.
Os sindicalistas chegaram com uma pauta de reivindicações ampla. Segundo uma fonte do Planalto, embora os dirigentes queiram esticar o período de pagamento do seguro-desemprego, havia resistência do governo a estender a medida de forma genérica. A ideia é alongar o prazo para sete meses para os setores da economia mais afetados pela crise financeira internacional.
Entre as reivindicações, eles pediram reajuste no valor do salário mínimo (hoje de R$ 415,00) para aumentar o consumo. O presidente Lula informou, segundo os dirigentes, que o governo vai pedir ao Congresso a elevação do salário mínimo para R$ 465,00. Os trabalhadores também solicitaram redução de dois pontos percentuais na taxa básica de juros, e exigência de garantia de emprego por parte dos empresários como contrapartida à redução de impostos.
Segundo a fonte, Lula também iria garantir aos sindicalistas que ninguém no governo planeja aproveitar a crise para retirar direitos dos trabalhadores. Lula nega até mesmo que esteja em debate a flexibilização das leis trabalhistas. "Queremos fazer acordo e lançar medidas que favoreçam a atividade econômica e a manutenção do emprego", disse esse interlocutor do presidente. "Não se trata de abrir mão, genericamente, de direitos."
"O ministro Guido Mantega precisa começar a discutir o problema da crise com os sindicatos. Até agora, ele só discutiu com empresários", reclamou o presidente da CUT, Arthur Henrique. Ele salientou que o presidente Lula afirmou que o governo vai convocar os 50 maiores investidores privados do País para saber sobre seus planos de investimento. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que o governo poderia determinar ao Banco do Brasil a redução do spread bancário, o que seria um alívio para muitos setores. "O Banco do Brasil é campeão em spread", afirmou.
O presidente UGT, Ricardo Pattah, por sua vez, qualificou de "chantagem" a atitude dos empresários, que estão querendo usar este momento para flexibilizar a legislação trabalhista.


Fonte: JC

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