Erechim: Justiça pode anular demissões da Comil
Uma ação movida pelo Procurador do Trabalho, Roger Villarinho, do Ministério Público do Trabalho de Passo Fundo pede na justiça a anulação das demissões de 900 metalúrgicos da montadora de Erechim.
O procurador entende que a empresa não respeitou a lei ao não negociar os critérios de demissão com o Sindicato dos Metalúrgicos e pediu a reintegração imediata dos demitidos ao trabalho. A informação foi repassada para os demitidos numa reunião realizada nesta terça- feira, 13, no Ginásio do Sindicato dos Metalúrgicos.
O procurador Villarinho foi a Erechim conversar com os trabalhadores e esclarecer dúvidas a respeito de todo o processo. Ele voltou a defender a necessidade de critérios para as demissões. “Houve uma simulação de negociação. Enquanto negociava com o Sindicato a empresa esvaziou a fábrica para que a entidade não tivesse contato com os trabalhadores.
Ao mesmo tempo estava elaborando a lista de demitidos e preparando as cartas de demissão”, disse o procurador. Esta falta de critérios para demissão é a maior queixa do metalúrgico Valério Abramczuzk, de 59 anos. Mesmo o pedido de aposentadoria já encaminhado não evitou a sua demissão. Ele foi despedido junto com o filho, Anderson. “Agora toda a família está desempregada, minha mulher não pode trabalhar porque temos um filho deficiente. Enquanto isso, em muitos casos, foi mantido o emprego de várias pessoas da mesma família”.
O metalúrgico disse que pretende esperar pela decisão judicial. No setor de montagem, trabalhadores com 20 anos de empresa perderam o emprego. Sergio Litvin trabalhava há oito anos na Comil e viu praticamente todo o setor ser demitido. “Me sinto injustiçado, em todo este tempo evitava de ir ao médico para não faltar serviço. Não tiveram consideração por toda esta dedicação, não conversaram com a gente, não explicaram porque uns ficariam e outros teriam que sair, tenho a impressão de que fomos tratados como animais, separados em dois grupos: os que iram para o abate e o que iriam para a engorda”, desabafou.
Recuperação judicial invalida qualquer acordo que pudesse ter havido entre Sindicato e empresa
A assembleia aconteceu um dia depois que a empresa protocolou um Pedido de Recuperação Judicial, o que pode agravar ainda mais a situação dos trabalhadores, segundo o procurador Villarinho. “A empresa está tentando jogar os trabalhadores contra o Sindicato e contra a ação que está sendo movida para anular as demissões. Mesmo que os trabalhadores tivessem aceitado o parcelamento das rescisões esta dívida teria sido jogada para dentro da Recuperação Judicial, o que configura que a empresa quer “´pedalar” o pagamento”, disse.
O procurador citou também o caso recente da Intecnial que foi obrigada pela justiça a anular as demissões pelo mesmo motivo. Naquele caso, os trabalhadores receberam o pagamento pelos dois meses parados e estão de volta ao trabalho. O presidente do Sindicato, Fábio Adamczuk, disse que uma decisão favorável desta vez não garante o emprego, mas garante os direitos. “Mesmo que a empresa mantenha a decisão de demitir, poderemos negociar os critérios e as dívidas com os trabalhadores saem do processo de recuperação judicial”, disse.
Antes de terminar a assembleia os trabalhadores decidiram fazer mobilizações e protestos em frente à fábrica a partir de amanhã.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim